quinta-feira, junho 21, 2007

Volto então mais tarde

a história tem protagonista que não desvendo, mas de elevado sentido de humor.

Estava o nosso misterioso personagem numa entrevista para um emprego que lhe parecia interessante. O empregador procurava motivar o nosso amigo. "O seu perfil é o adequado, o seu curriculum vai de encontro ao projecto que temos para si. Começara agora com um salário não muito elevado mas dentro de 2 anos estará duplicado ou quem sabe triplicado. O que diz a isto?". O nosso herói não desarmou e respondeu, se isso vai melhorar assim tanto o melhor é voltar nessa altura. E foi-se.

Esta história foi-me contada para exemplificar o que está a sentir um amigo numa estadia em Angola. farto de ver corrupção, lixo e miséria. Se dizem que vai melhorar ele como outros voltará mais tarde.

4 comentários:

  1. Angola (Luanda) é muito mau, mesmo. De um ano para o outro notam-se diferenças enormes na recuperação dos edíficios, na limpeza das ruas, nas pessoas e nas lojas. Mas não há salário que pague a insegurança, o pavor que se apodera de ti quando a polícia te quer revistar no aeroporto, o risco de doença, as metralhadoras a defender os restaurantes, ou o teres que ver, do outro lado da janela do hotel onde tens tudo, um bando de crianças num edificio desfeito a retirar ratazanas de ratoeiras e a entregá-las às pessoas que passam a troco de dinheiro para as comerem. Vi eu, não me contaram. Compreendo perfeitamente quem só quer voltar depois...

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  2. Oh cultores do pessimismo, esse vírus nefando que não ajuda Portugal a ir para a frente.
    Corrupção?!!!
    Isso são manias de gente mesquinha, que só vê ladrões em tudo:autarquias, tribunais, universidades, futebol, sei lá...

    Portugal (e Angola) é um país sem corrupção, um país limpo, decente, sem crápulas nas arbitragens, nos futebóis, nos poderes centrais ou locais.
    Andam para aí uns "manientos" (estilo Paulo Morais, que são uns "ressabiados", "incompetentes",
    sempre a pregar moral mas sem moral para falar).
    Se calhar quem tem razão é o dr Macedo Vieira (edil-mor de Póvoa de Varzim). Esse, chama "esquizofrénicos" a quem pensa como vocês... há quem diga que é uma autocrítica... mas só sei que nada sei... nem sequer sou médico!...

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  3. Pode ser e será certamente. Mas, por outro lado, Angola está a crescer a taxas incríveis, como aliás seria de esperar.

    A pergunta que deixo é esta: as empresas portuguesas que se quiserem afirmar em Angola, e em África, poderão dar-se ao luxo de não encontrar pessoas com estomago para o que por lá se vai passando? Não creio.

    Mas como muitas o farão, daqui a 30 anos poderemos ler em veículos semelhantes a estes que "foi uma pena não termos sabido aproveitar a Paz em Angola", "nós não sabemos aproveitar as oportunidades quando aparecem", "as nossas empresas não passam de marias-vão-com-as-outras e chegam sempre atrasadas".

    Mais. Quanto mais empresas sérias investirem em Angola, mais depressa os governos daquele país se verão confrontados com a necessidade de se modernizarem. Foi assim em todo o lado, África não será diferente.

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  4. É verdade. Falei de uma perspectiva muito pouco realista tendo em conta o clima de concorrência e de expansão económica que se vive em Angola e que tem que ser aproveitado. Mas sob uma óptica individual aquilo lá é muito, muito, mau. E não estou a falar da falta de bens de primeira ou de segunda necessidade porque quem está lá em determinadas situações profissionais não sente falta de nada. É o resto tudo. A hostilidade, o racismo, a corrupção, a insegurança (conheço quem tenha sido ameaçado de morte à porta do hotel com cacos de vidro encostados ao pescoço em pleno dia), a miséria, a diferença entre as pessoas...

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