sexta-feira, junho 29, 2007

Vícios

A nova lei anti tabaco faz-me pensar que devia estar orgulhosa por viver num país que caminha a passos largos para a higienização dos seus hábitos, para a difusão da alimentação saudável e para a total abolição dos vícios mais horrendos, mas não estou. Concordo em linhas gerais com a proibição de fumar em determinados locais e contextos, acho que a saúde pública é evidentemente um bem a preservar, mas não gosto do espírito da coisa. Lembra-me uma cruzada, e eu não gosto de cruzadas sejam elas quais forem. E lembra-me também uma data de outras coisas de que não gosto. Não gosto do estilo clean e asséptico, embirro com ciclovias (já viram aquelas tiras pintadas de vermelho no chão das ruas de Matosinhos que fazem tremer de medo qualquer ciclista?) open spaces e decoração minimalista, não simpatizo com a discriminação dos gordos pelos magros, detesto ginástica aeróbica e personal trainers, e odeio ficar com fome no fim das refeições porque me serviram nouvelle cuisine e no prato só se viam duas cenourinhas baby a centenas de metros de uma tira de espargo e de um folhadinho baixinho e antipático com recheio incerto e indefinido. Também não sou adepta do estilo porco, feio e mau, mas deve haver algures qualquer conceito intermédio que permita gostar de sorvetes e costeletinhas e incluir uma boa dose de imperfeição, de fraqueza e de trangressão. Hoje li e reli o artigo do Vasco Pulido Valente no Público a propósito dos benefícios do tabaco. Fala de um ponto de vista de humanidade. E adorei.

4 comentários:

  1. Tens toda razão! O VPV hoje esteve literariamente ao melhor estilo. E quando assim é, conquista-nos o pensamento.


    Também tens razão quando simpaticamente defendes os gordos. Obrigado!

    Uma beijoca (enquanto não é proibido...)

    ResponderEliminar
  2. Que bem soube ler o seu post a beber o meu scotch mergulhado em gélidas pedras à mistura com o português que continua suave...
    http://provincia.blog.com

    ResponderEliminar
  3. General Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Rommel na Batalha de África, na IIª Guerra Mundial. Discurso do General Montgomery : "Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói ".

    Churchill ouviu o discurso e respondeu : " Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele!"javascript:void(0)
    Publicar o seu comentário

    ResponderEliminar
  4. Desculpem lá, mas a vossa posição,tal como a da autora do texto, não passa de pedantismo para agradar aos pseudo-intelectuais masculinos da nossa praça! Humanidade é pensarmos nas pessoas que durante uma vida inteira respiraram o fumo dos outros e tiveram doenças cardio-vasculares, cancros,muitas morreram. E naqueles que se esforçam por deixar de fumar,sofrendo angústias e depressões atéconseguirem. E conseguem.E são tímidos,e trabalham todo o dia em frente a um computador... Isso são balelas do VPV para se armar.Pateta quem vai na cantiga...

    ResponderEliminar