quarta-feira, junho 20, 2007

O meu cão


Não sei se alguma vez lhes disse, mas tenho um cão. Tenho um labrador beije, grande, tresloucado, com uma alegria de viver rara e sem par, para quem um gerânio é tão bom como um pistachio, que faz covas com convicção e que a seguir se mete no meio da terra com a língua de fora, que rouba meias, fura bolas, persegue ratos e gatos como se fossem os últimos da Criação e saúda as minhas visitas com “trincadelas amigáveis” nos tornozelos ou com um “ligeiro” embate com o corpo todo quando elas estão de costas. Também gosta de passear. Se for à trela, sai do portão esbaforido e radiante, à velocidade de um TGV, e leva atrás quem o conduz até estacar uns metros à frente, subitamente, e sem aviso prévio, provocando quedas abruptas e espalhafatosas. Se for de carro, pior um pouco. Como enjoa, a manobra exige alguma preparação. Primeiro, tem que se lhe abrir a boca e meter lá para dentro um Primperan. Depois, tem que se lhe pegar ao colo e atirá-lo para dentro da mala enquanto ele se faz de morto e vira o focinho para o lado porque fica sempre invariavelmente ofendido. Dentro de casa o comportamento dele também não é o mais adequado. Não é possível ignorá-lo e comer uma bolacha ao lado dele sem ficar com remorsos para o resto da vida, desce as escadas de barriga colada aos degraus numa manobra estranha que combina sabiamente os efeitos de uma massagem abdominal com o movimento descendente pretendido, perde pelo às molhadas nos sítios onde, sem excepção, se hão de querer sentar amigos, pais, ou quem que seja, pendura-se em risco de vida à janela para ver melhor os seus inimigos gatos e depois tenta suicidar-se, ladrando, e ensaiando o salto sobre eles a uns metros do solo. É desobediente. É descarado. Adora dar beijos carinhosos e barulhentos. Aviso-os. Se quiserem ver desaparecer todas as preocupações das vossas vidas, fazer com que elas pareçam diminutas ao lado do ÙNICO verdadeiro problema que vos vai passar a dominar a existência, arranjem um igual. A minha vida nunca mais foi a mesma desde que o conheci! :-)
Mas, é claro, também tenho que lhes dizer, se é que não adivinharam, que eu adoro o meu cão!

4 comentários:

  1. Paula, já te disse uma vez e volto a dizer. Acho imensa graça às tuas intervenções neste blogue, mas esat então achei o máximo, e fiquei cheia de vontade de ter um louco desses em casa!

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  2. Bora aí, amiga! Depois podemos prendê-los a ambos na caleira da água à porta do Pinto enquanto tomamos café...(não sei se é boa ideia...)

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  3. dormes com o cão?

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