O exemplo de Sócrates II

O Ventanias já falou nisto, mas não estou de acordo com parte do que ele deixou dito.

Como a grande maioria, eu também acho que a formação académica é irrelevante para o bom exercício da actividade política, ou para a intervenção pública.

Daquilo que estive a ver, John Major e Jacques Delores – e salvo erro da minha parte - não possuem qualquer curso superior.

A questão de saber se Sócrates tem ou não curso superior é totalmente irrelevante para a apreciação da respectiva capacidade política.

Posto isto

Tentar fazer passar a ideia que aquilo que se passou entre Sócrates e a Independente é normal, e que nas universidades privadas tudo se faz assim, etc, é totalmente inadmissível e é tentar fazer de nós todos uns grandes parvos.

Também é totalmente inadmissível a pressão que – “diz-se” – está a ser feita sobre os órgãos de comunicação social para que acabem com as notícias à volta deste tema. Acho muito bem que os jornais e as televisões investiguem tudo o que houver para investigar.

Na minha modesta e especulativa opinião (de simples consumidor de notícias), aquilo que me parece que se passou é que um pequeno grupo de indivíduos teve acesso - em condições ainda difíceis de explicar - ao registo e concessão de notas de uma universidade. Com isso, terá sido facilitada (ou até fabricada…) uma licenciatura para alguém que se encontrava numa posição de poder.

Parece evidente que esta questão tem relevo, nomeadamente político (mas também jurídico, já que pode haver falsificação de documentos…), e deve ser investigada. Deve ser uma investigação serena, independente e firme. E é importante que, não obstante as suspeitas, não existam julgamentos antecipados. Mas para afastar esses julgamentos antecipados é fundamental que se assegure uma investigação.