Caro Dr. Paulo Portas e Dr. Ribeiro e Castro
Tenho 34 anos de idade e como muitos e muitos outros revejo-me no CDS desde pequeno.
Coisas que nos vêm de familia, da educação e que com o avançar da idade se consolidam de forma pensada, reflectida e consciente.
Digamos que sou assumidamente tributário dos valores conservadores da direita e do centro de direita, acredito nos valores da família, da vida, da amizade, da integridade e da seriedade e sempre tive o gosto pela politica.
E, sempre que me abordavam para ter uma participação activa no CDS sempre recusei, por entender, que as estruturas partidárias estão dominadas e minadas por gente menor e que, até no CDS, essas estruturas estavam cheias de politiqueiros de meia tigela que, sem provas dadas no mundo profissional, se servem da politica em vez de estarem na politica para servir.
Talvez por isso e durante muito tempo sempre me mantive afastado dos partidos e das estruturas partidárias.
Não me revejo nessa forma de estar na politica nem de fazer politica.
Relendo os discursos de Platão os politicos eram, então, homens de enorme saber e de grande retórica tidos como homens rectos, respeitáveis e de respeito e de que a sociedade se orgulhava.
Mais tarde acedi a participar activamente no CDS imbuido de um espirito quase "quixotesco" de contribuir recusando entrar nessa lógica da partidarite aguda, dos lobbys, dos caciquismos, do "diz que disse", das insidias e das manobras de bastidores.
E é só desssa forma que concebo estar na politica.
A sociedade civil portuguesa não se revê nos politicos nem nos partidos porque muitos dos protagonistas se transformaram em trapaceiros, aldrabões, mentirosos e em alguns casos até em corruptos inveterados.
É este paradigma que os partidos têm mudar sob pena de fazerem perigar o próprio sistema democrático.
Para isso é importante mudar a forma de funcionamento dos partidos, expurgando-os das suas ovelhas negras.
Mas para que haja essa mudança é preciso que o exemplo venha, antes de mais, dos próprios lideres.
Da mesma forma que um Primeiro Ministro não pode pregar a produtividade e o "apertar do cinto" dos cidadãos e na primeira oportunidade colocar os seus "boys" em cargos de Administradores com vencimentos e reformas astronómicas,
também não se pode pregar a rectidão de comportamentos e, no primeiro momento, protagonizar atitude insidiosas e manobras do tipo "vichyssoise".
Não posso ter a menor dúvida quanto à honorabilidade das intenções do actual Presidente do CDS e do seu antecessor.
Sei que o Dr. Paulo Portas foi um grande presidente do CDS e enquanto tal sempre o apoiei e nele votei.
Sempre achei que o Dr. Paulo Portas haveria de regressar a Presidente do CDS e era desejável que assim o fizesse.
Mas entendo que há formas e momentos adquados para o fazer e
nem o tempo nem a forma foram os correctos.
Nessa medida, esperava mais de um ex-Presidente do CDS e ainda mais do Dr. Paulo Portas.
Apercebo-me que como consequência de tudo isto o CDS de hoje é um partido fragilizado, fraco e internamente fracturado.
E tenho sérias dúvidas que, neste momento, tanto o Dr. Paulo Portas como o Dr. Ribeiro e Castro, sejam capazes de voltar a unir o CDS, ainda que o Dr. Paulo Portas mande recolher as suas tropas, o que não é credível.
Por isso digo que o único caminho passa por se encontrar um novo Presidente e cuja figura seja, inequivocamente, acima de qualquer suspeita.
Julgo que tanto a Drª Maria José Nogueira Pinto como o Dr. António Lobo Xavier merecem a credibilidade, o respeito e a seriedade necessários e de todos.
Espero que tanto o actual Presidente como o seu antecessor tenham a inteligência e sabedoria necessárias para se aperceberem
que este não é o caminho,
que este não pode ser o caminho!
O CDS tem de estar acima dos interesses e vontades pessoais e não se pode transformar no partido de A ou de B por mais que isso custe ao "egocentrismo" de alguns.
a bem da Nação!!!
Muito embora discorde da conclusão do post - que não me parece coerente com os seus pressupostos -não posso deixar de felicitar FVF pelo desabafo genuíno e descomprometido.
ResponderEliminarNo que me respeita, e por mais que isso custe muito a quem - como eu -apoiou Paulo Portas no passado, não é mais possível sustentar ser outro senão esse o único responsável pelo actual estado de coisas. Já quanto a Ribeiro e Castro, e tenha-se mais ou menos empatia com a pessoa, é hoje evidente que teve a única atitude a quem respeita o que serve - o CDS - e por si próprio.