Duas notícias dos telejornais de hoje chamaram-me a atenção para a necessidade de nos consciencializarmos da importância das decisões que andam a ser tomadas. Numa, dizia-se que serão gastos 18,6 mil milhões de euros (é um bocadinho mais do que o euromilhões), em política de transportes nos próximos anos. Mais de 15 mil milhões é para pagar SCUTs. O resto é quase tudo para contratos em PPP (parcerias público-privadas), tipo as travessias do Tejo. Sobram 385 milhões para transporte ferroviário. Julgo que não é preciso comentários. Mas devia haver consequências. Sobretudo porque a seguir vão querer gastar um dinheirão num jaguar dos comboios, para alguns parolos irem trabalhar a Lisboa e outros quantos saloios irem passear a Madrid...
Não creio que as condições de futuro de que o País precisa venham daí, mas tenho a certeza que a mobilidade, no sentido lato da circulação rápida de pessoas e mercadorias, entre o norte e o sul, entre o litoral e o interior, entre o País e a Europa, através da Espanha, nada ficarão a ganhar com isso.
A outra prende-se com a primeira. O País vai investir em fábricas de bio-combustível. A partir do milho. Parece bem. Estranho é que os produtores de milho se estejam a queixar de que as fábricas serão instaladas no litoral, longe dos produtores e perto de ... não se sabe bem quem.
E daí, talvez faça sentido. Eu é que não quero crer que a política é verdadeiramente a de asfixiar o resto do País para permitir que em Lisboa se possa viver como na Europa!!! De facto, já o Eça nos avisava... eu é que sou teimoso e quero sempre continuar a acreditar que o País ainda tem solução. Pode ser que haja mais alguns que pensem como eu... Afinal, o nosso fado ainda não foi escrito. Podemos cantá-lo, mas devemos sobretudo vivê-lo, que é como quem diz escrevê-lo, antes que outros o escrevam por nós...
O futuro decide-se hoje...
PS- nem comento a outra notícia, inserida numas recomendações laudatórias da OCDE ao Governo: o nosso sistema de ensino não está a preparar os nossos filhos para o amanhã...
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