terça-feira, fevereiro 13, 2007

Não, porque sim

A Esquerda está eufórica com o referendo. Nos últimos dias o 1,5 milhões de pessoas que votaram “não” têm sido apelidadas de conservadoras, retrógradas e até rurais. Para a esquerda votar “sim” foi moderno e um acto de evolução civilizacional. Para a esquerda só existe uma forma de pensar, a dela, e tudo o resto demonstra falta de visão sobre o futuro e até falta de capacidade. Cheguei mesmo a ler e a ouvir que a Igreja Católica tinha, finalmente, deixado de influenciar a sociedade Portuguesa. Sendo que a palavra “influenciar” tem aqui um significado forte, isto é, mais próximo de condicionar, como se os Católicos não pensassem pela sua cabeça há muito.
Eu acredito na diversidade de opiniões. Não vou classificar de qualquer maneira quem votou sim.
Para mim, já o disse aqui, este referendo era desnecessário. Ficou claro que:
1. Para a maioria dos Portugueses este tema não era importante. 57% dos Eleitores não votou, contra uma abstenção “normal” que ronda os 35% em eleições legislativas.
2. Para os que votaram ficou claro que o que esteve em causa foram dois temas. O Aborto Clandestino e a Criminalização das mulheres que abortam. Para resolver estes temas a esmagadora maioria considerou que o “sim” era a resposta.
3. Não foram temas na campanha as questões ligadas ao início da vida, as questões morais ou mesmo religiosas. Foi de consenso geral que este não era um tema religioso e só o “não” alegou questões de ordem moral.
Para a resolução dos temas centrais, na minha perspectiva a lei actual com as necessárias adaptações era suficiente. No entanto, reconheço que, repito, a esmagadora maioria assim não entendeu.
Agora só espero que o “sim” tenha razão. Notem que o “sim” e mais concretamente o Governo repetiram que o Aborto Clandestino seria combatido e, por isso, reduzido de forma mais eficaz com o “sim”. E é isso que eu espero.
Espero um sistema de saúde a funcionar, um sistema de apoio social eficaz e um sistema de educação que eleja a educação sexual como um tema importante e central na prevenção destes casos.
Não acho que tudo vá piorar, embora tenha dúvidas que vá funcionar.
Gostava, por fim, que a Esquerda soubesse ganhar e soubesse que isso apenas significa aumentar a sua responsabilidade. É bom que haja quem pense diferente e que possa ser alternativa. Uma verdadeira evolução civilizacional teria sido esta atitude. Talvez para a próxima...

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