Apesar do anúncio feito esta semana de que Paulo Portas estava disposto a trabalhar no sentido da unificação interna, a verdade é que a prática tem sido outra.
Das duas, uma: ou Portas pretende voltar à liderança do CDS ou não pretende.
Se pretende, é inevitável a dedução que andou estes meses todos a alimentar as divisões internas para preparar o seu regresso.
Se não quer voltar não pode continuar a anunciar declarações, e a limitar-se à infantilidade política da frase (verdadeira, aliás…) de que “o futuro a Deus pertence”…
Se pretende voltar, que o diga sem equívocos. É intolerável a forma como vai tratando o CDS, como objecto de uma enigmática estratégia pessoal. Paulo Portas saiu porque quis, e só quererá regressar porque todas as outras suas alternativas (Estados Unidos, uma fundação, etc.) falharam. Não existe nenhum interesse vital do partido ou até do País que imponha o seu regresso ao CDS (diria eu que até pelo contrário...). Tenho até cada vez mais a certeza de que perde o próximo Congresso. Mas enquanto não for anunciado o regresso, o fantasma mediático da divisão interna permanece.
Se, pelo contrário, não quer voltar (como eu estou convencido) então que o diga claramente. As sucessivas notícias, alimentadas por alguns iludidos e pelo cúmplice silêncio do anunciado regressável, continuam a dificultar a passagem da mensagem política, que assim sai ensombrada por esta possível fractura interna.
A conclusão é só uma: quer queira tentar voltar, quer não queira, Portas é candidato isolado ao Óscar de maior alimentador de divisões internas no CDS, ganhando direito incontestável ao troféu pela sua exuberante actuação nos últimos largos meses.
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