segunda-feira, janeiro 29, 2007

VOTO FEMININO

Li num jornal durante o fim de semana que o Dr. João Soares não perdeu tempo a perfilar-se como candidato a candidato do PS à Câmara de Lisboa. Pelo meio, não conseguiu conter uma torrente de impropérios ingenuamente irados contra o pobre Santana Lopes que, segundo Soares, não passa de um trampolineiro. Descontando o insulto, Santana Lopes até deve ter agradecido a Soares o pedestal onde este o colocou.
Não contente com isto, Soares filho, não conseguindo ocultar os seus receios íntimos, vai avisando o partido contra aquilo que ele considera ser o perigo santanista, ou seja, o sucesso junto do eleitorado feminino.
Esta é boa. Então o Dr. Soares não confia nas mulheres? Subtilmente ou talvez não, Soares quer de uma penada atingir dois alvos. Em primeiro lugar, eleva-se imodestamente a si próprio, explicando que um estadista como ele só pode ter perdido com Santana Lopes devido a motivações do eleitorado feminino mais ligadas ao coração do que à política. Por outro lado, diminui o antigo adversário, a quem só reconhece qualidades de galã de novela.
O que é espantoso é o que isto revela sobre a ideia que Soares tem das mulheres. Na lógica soariana se calhar não se devia ter-lhes concedido o direito de voto.
Já o Dr. Soares pai também não encarava muito bem esta coisa das mulheres na política, basta recordar como se irritou quando perdeu as eleições para presidente do Parlamento Europeu disputando o lugar a uma "dona de casa".
Claro que as mulheres são muito mais inteligentes do que a família Soares julga e desprezam estes desabafos, que, em boa verdade, mostram ironicamente que o Estado Novo deixou marcas profundas mesmo em pessoas que se presumem progressistas.

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