segunda-feira, janeiro 29, 2007

Política e nobreza... de carácter

Tenho evitado pronunciar-me sobre a questão da liderança do grupo parlamentar do CDS, porque creio que o assunto não merece a dignidade que lhe tem sido dada pela comunicação social nacional. Mas também acredito que vale a pena sublinhar a elevação com que o Presidente Ribeiro e Castro lidou com o assunto. Vejamos:

Qual é o facto político desta polémica? Simples, o líder de uma bancada de um partido não concorda com a liderança desse partido. E porque é que não concorda? Não sabemos. Não parece ser por causa das opções políticas, porque essas não vêm a lume. Não parece ser por causa da estratégia partidária, porque essa foi ratificada e confirmada em congresso, na pessoa do líder do partido e dos órgãos que foram eleitos. Não parece ser por causa da agenda política, porque também não aparecem a lume os temas alternativos que a bancada parlamentar gostaria de ver tratados. Será então um problema pessoal? A julgar pela entrevista que o anterior líder da bancada concedeu à RTP, no seu regresso da Índia, só pode ser um problema pessoal.

Mas não. Afinal, o Presidente do CDS, que seria o outro lado dessa eventual polémica pessoal, prefere não conferir dignidade a quesílias. E muito bem. Não pude, infelizmente, acompanhar as entrevistas que recentemente concedeu, mas a julgar pela falta de cobertura mediática, parece que tratou o assunto com uma nobreza de carácter que merece ser sublinhada. Problema pessoal? Nenhum, as questões que o preocupam são de natureza institucional e política. Muito bem.

Então, não há problema? Há, claro que há. Há o problema do entendimento que certas pessoas fazem da função política. O que, aliás, no país da cunha até nem seria de estranhar. Para essas pessoas, a política parece ser um problema pessoal. Se gostam de mim são bons políticos, senão são inimigos a abater. Os problemas do país são um detalhe secundário, que se aborda em função da oportunidade mediática dos assuntos. Se tem primeiras páginas interessa, se não, não. Se significa que vão falar de nós interessa, se não, não.

Não acredito nessa forma de ver, entender e fazer política.

Creio que a arte de fazer política está em saber perceber quais são os problemas do País que interessam aos cidadãos e, dentro desses, quais são aqueles em que podemos dar algum contributo para encontrar novas soluções ou melhorar as actuais. À luz dos princípios do partido que escolhemos integrar e enquadrados pelos órgãos dessa instituição. Ou então como independente, eventualmente integrado numa qualquer manifestação das forças vivas, institucionalizada ou não.

O resto é ruído. Pode ser que venda jornais, mas não passa de ruído.

As conclusões, deixo-as com cada um. As minhas encontram-se implicítas no título deste post. Uns têm, outros não. Extirpem, expurguem ou façam o que quiserem, mas afastem da política os que não têm.

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