Para além de matar saudades da Família, dos Amigos, da minha cidade - o Porto, cada vez mais belo e menos útil - da minha rua e do Mar, do clima e das gentes, estas férias deixaram-me algumas marcas que quero partilhar.
Primeiro, o País está irreconhecível, para quem tem de se deslocar frequentemente. As autoestradas, brisinhas ou outras, a pagar ou de borla, começam a reduzir o País ao seu verdadeiro tamanho. Chegado desta Europa central, entrei por Chaves, que já está ligado por AE a Guimarães e daí ao resto, litoral, do País. Os poucos km que faltam estão em bom e avançado estado de construção, pelo que espero que no próximo ano já esteja completa. Tive também oportunidade de fazer Porto-Algarve sempre em AE, tendo ainda a possibilidade de escolher entre duas AE desde o Porto até Estarreja. Pude ainda percorrer a A8, desde Lisboa até Leiria. Magnifíco.
Infelizmente, porém, também tive oportunidade de verificar que o interior do País continua a ser prejudicado em relação ao litoral. O malfadado IP3 continua miserável e a transformação dos IP4 (não prevista) e do IP5 avançam a passo de caracol. É por estas e por outras que o centralismo do Terreiro do Paço tem de ser destruído.
Em Óbidos, pude assistir a uma magnífica exibição da ópera D. Giovanni, com o Teatro Nacional de S. Carlos, que me testemunhou a pujança da região oeste, quando dotada de bons autarcas, e do investimento que por ali se vai multiplicando para finalmente rentabilizar os principais produtos específicos de Portugal: o sol, o mar, a beleza das suas terras e a simpatia das suas gentes, para não esquecer a sua magnifíca e variada gastronomia. Não tenho dúvidas que por ali passará uma parte do sucesso do Portugal no século XXI. Assim se reúnam condições para que o exemplo prolifere noutras zonas do País.
O meu Porto, cidade claro, está cada vez mais bonito. Pena é que as suas sucessivas adaptações à modernidade não reflictam qualquer projecto futuro de afirmação da cidade e muito menos da região. Fica-se com a sensação que, para além do aproveitamento da herança do passado, a única coisa que preocupa os nossos responsáveis autárquicos é a imitação da capital, com a implantação de obras emblemáticas que demonstrem a paridade das duas cidades. Não admira, por conseguinte, que as cidades vizinhas se vão cada vez mais afirmando como outros tantos pólos de afirmação, de desenvolvimento urbano até, sem que do todo resulte verdadeiramente uma metrópole ibérica estimulante e catalizadora de desenvolvimentos.
Fiquei igualmente marcado pela profusão de imóveis à venda. Desde moradias semi-abandonas, prédios inteiros recém acabados ou em vias disso, andares de todos os géneros e feitios, enfim, não falta escolha para quem queira comprar. Pergunto-me é se essa profusão de imóveis à venda significará algo de bom para o futuro da economia do País. Receio bem que não.
Por último, mas não de somenos, fiquei alerta pela importância que os meios de comunicação social conferiram a uma ideia que acalento há muito e que oportunamente apresentei onde me parecia mais correcto, e que agora anda na boca de outros a ganhar-lhes audiência: a da refundação da Direita. Sobre isso e porque o tema me é caro, hei-de voltar com frequência e intensidade nos próximos tempos.
Mas não quiz deixar de registar aqui a minha surpresa pela relevância que o assunto assumiu, tanto mais que o principal protagonista passou por ser o Manuel Monteiro, ex-presidente de um partido que teria tido condições para promover essa refundação e fundador de um movimento partidário que, para além de provar a minha tese de que é preciso mudar o sistema por dentro visto que criando outro partido novo a tarefa fica - para além de hérculea - também onírica, não tem servido para nada, não tem proposto nada, nem parece representar mais do que um palco para o seu voluntarioso mentor, pelo que não terá nunca condições para promover essa refundação a não ser enquanto instrumento da procura da ribalta para esse mesmo personagem.
Nessa medida, espero bem que a verdadeira direita, a que tem andado afastada da política e desencantada do rumo do País, saiba encontrar meios de promover uma verdadeira refundação, por forma a evitar que esse exercício se esgote numa manifestação egocêntrica sem capacidade para mudar nada, sem poder para criar projectos e catalizar vontades para uma genuína proposta de alternativa ao País.
Pela minha parte, e na limitada medida das minhas capacidades e possibilidades, espero poder contribuir para isso, que mais não seja através dos blogs que aqui se vão criando.
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