sexta-feira, setembro 22, 2006
Colecção do Dr. Rau no M.N.A.A.
Fra Angelico, S. Miguel, 1424-25
Boa notícia: a colecção do Dr. Rau, de que aqui falei, tal foi o sucesso, permanecerá mais um par de semanas, em exibição no Museu Nacional de Arte Antiga. Poderá ser visitada até ao dia 15 de Outubro.
O Dr. Rau, é um raro e exemplar testemunho de filantropia militante. Devotou grande parte da sua vida a ajudar os mais necessitados. Curiosamente, tinha jé 40 anos quando foi estudar medicina na Universidade de Munique. Graduou-se em 1969, vendeu os negócios herdados do pai(ligado à Mercedes-Benz) e do tio (dono dos famosos caldos Maggi), e especializou-se em medicina tropical e pediatria, tendo, em 1971, criado a Fundação Médica do Dr. Rau. O objectivo era combater a pobreza no Terceiro Mundo e promover a saúde e alfabetização.
A Oração de S. Domingos, El Greco, 1610
Começou a sua obra pela Nigéria, tendo sido na fronteira do Zaire com o Ruanda que concentrou esforços e a fortuna. Em 1977, construiu um hospital que atendia dois mil pacientes/ano e distribuía alimentos a mais de oito mil pessoas/dia. O hospital ainda existe e foi por ele que abdicou do sonho de ter um museu em Marselha (chegou a construí-lo mas ofereceu-o à cidade). Regressado à Europa em 1997, viveu em França e no Mónaco e guardava em Zurique o seu tesouro artístico - que aumentou deixando África três vezes por ano, para ir a leilões na Europa e EUA. Um acervo ímpar que cobre 500 anos de História da Arte, adquirido seguindo apenas o próprio gosto.
Já no fim da sua vida, em 1999, fez um testamento a favor da Unicef Alemã, em que deixa em legado a sua fabulosa pinacotecao. Nessa altura, foi a mesma avaliada em 600 milhões de dólares (hoje, 470 milhões de euros) - a segunda maior do mundo, dizem os peritos, depois da Thyssen (Madrid).
Rosto de Mulher, Renoir
Por disposição testamentária terá de correr mundo durante 25 anos. A Unicef decidirá depois o que fazer com ela, mas o dinheiro só poderá ser usado em causas filantrópicas.
De Fra Angelico a Bonnard, o Dr. Rau, demonstrando um gosto raro e clássico, conseguiu reunir um espólio de elevadíssima qualidade e coerência. Uma visita à colecção, é uma viagem no tempo. Um relanse ou um esgar pela história da pintura - ou da Arte Ocidental: Luini, El Greco, Canalleto, Gainsborough, Fragonnard, do Renascimento ao Barroco, até aos Impressionistas, Renoir, Manet, Monet, Pissarro, Cézanne, Toulouse-Lautrec, e Simbolistas, Bonnard ou Sisley já em pleno séc. XX.
Uma visita obrigatória!!!
O Mar em Estaque, Cézanne, 1876
Também nos Prazeres
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário