quinta-feira, junho 29, 2006

“O ESTADO DA SOPA”

Uma das razões porque tenho escrito pouco no NORTADAS, tem haver com o actual estado da política: pouco motivadora, pouco emotiva, pouco galvanizadora, muito ambígua, muito pouco estimulante de ser “vivida”. Enfim, a política está – como se diz quando estamos no mar, sem vento - «uma sopa».

E já que falo em sopa, e mudando do vento para a gastronomia, porque não ”figurar” a política portuguesa em 3 sopas, representativas dos diferentes posicionamentos ideológicos: a Direita, Vichyssoise; o Centro, Gaspacho; a Esquerda, Papas de Sarrabulho.

A Direita, ao fim de mais de um ano, ainda não recuperou e continua a viver na (e a) sombra do seu carismático “ídolo”, Paulo Portas, com o seu actual presidente, Ribeiro e Castro, sem estabilidade emocional e carisma político suficiente para se enraizar como líder e superar as aparições e a imagem de marca que deixa Portas no seu eleitorado. Para além disto, a constante “guerra civil” existente no partido – com responsabilidades de ambos os lados – contribui para a actual fragilidade e enfraquecimento da oposição ao Governo transmitida pelo CDS.

Mas nem tudo na Direita vai mal e, ao contrário do que acontecia anteriormente, provavelmente até beneficiando de uma liderança menos centralizada numa só pessoa, têm aumentado o número de pessoas com visibilidade pública, com protagonismo, com reconhecimento da sua qualidade e capacidade política, como são os casos de Maria José Nogueira Pinto, António Lobo Xavier e António Pires de Lima. Juntamente com Paulo Portas, formam o que se pode chamar o “pelotão” da frente da Direita portuguesa, o acrescento vitamínico necessário ao reforço da base eleitoral do CDS.
Não acredito no crescimento sustentado e da base eleitoral do CDS, num qualquer projecto político onde eles não tenham uma acção relevante.

Sobre o Centro, onde convivem o PSD e o PS, cada vez as diferenças são menores e as convergências maiores. José Sócrates é “socialista” só de cartão político, nunca deixou de ter o PSD na alma, o que leva Marques Mendes a ter cada vez menos bandeiras para levar o PSD a ser diferente deste PS.
Não fossem as carreiras políticas em cada partido, e PSD e PS estariam neste momento a caminhar juntos para a fusão. Assim, lutam juntos pelo mesmo eleitorado.
Por isso, dei o nome de «Centro, Gaspacho», os legumes são todos triturados e misturados na mesma água.

Finalmente, a Esquerda. Continua a viver e a falar sobre teorias que a realidade e a vida ao longo dos anos foi provando estarem erradas. Não é preciso ir mais longe, basta olhar para o desenvolvimento, na Europa, do Ocidente em relação ao Leste, dos países democráticos em relação aos que estiveram submetidos ao Comunismo, observar e constatar as diferenças. Contra os factos só argumentos falaciosos podem ser defendidos.

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