Tem andado nos circuitos da pobre discussão nacional um tema que creio que merece ser comentado: a proposta do Governo de envolver os pais na avaliação dos professores. Não conheço os pormenores dessa proposta, nem imagino como virá a ser posta em prática. Mas, no plano dos princípios, vale a pena dizer algumas coisas.
Gosto da proposta. Gosto porque os pais são os principais interessados na educação dos filhos. Gosto, porque ser democrata implica aceitar que a soma das razões inadequadas de cada um produz resultados mais sensatos do que as escolhas fundamentadas de poucos, ainda que muito esclarecidos. Pelo menos a prazo. Para quem tem dúvidas, bastará olhar para a situação actual do sistema de ensino português; alguém duvidará que era impossível fazer pior? E o que está feito não é obra de brilhantes cabeças e maiores pensadores? Venha de lá a Santa, e interessada, ignorância dos Pais. Pelo menos serão responsabilizados pelos resultados das suas escolhas e pelo estado de coisas nas escolas.
Gosto sobretudo do princípio de pedir aos cidadãos que sejam, pelo menos, co-responsáveis pelos resultados da educação dos filhos - e, desse modo, do futuro do País.
Gosto porque esta medida se insere na filosofia que creio poderá salvar o País do destino a que tem estado votado: somos nós que temos de assumir a condução dos nossos destinos, não cremos que eles tenham mais intervenção do que a estritamente necessária.
Venham de lá, isto é das oposições, contributos para garantir que esta proposta resultará num verdadeiro motor da transformação do sistema de ensino. Por muitos erros que o curto prazo possa trazer, o prazo há-de assegurar o inevitável: os pais mandam os filhos à escola para aprender. E quem ensina são os professores. Os melhores, melhor que os outros. Como em tudo na vida.
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