terça-feira, maio 23, 2006

Futuros e passados

Acabo de passar os dois últimos dias, primeiros desta semana, num intenso seminário com o Sr. Prof. Martin J. Gruber, ilustre septuangenário. Para os mais incautos, sempre vou informando que se trata de um ilustre economista, continuador de prémios Nobel da economia e autor de modelos próprios que muito simplificaram uma pequena maravilha que dá pelo modesto nome de Portfolio Theory e que esteve na base de uma significativa parcela da riqueza criada no mundo nas últimas décadas, ao servir de base às estratégias de investimento dos grandes fundos e dos enormes bancos. No essencial, a referida teoria permite escolher carteiras de investimento que maximizam os rendimentos percebidos ao nível de risco desejado para o investimento.

Enfim, o que aqui pretendia destacar é o facto de haver Homens deste calibre que aos 70 anos falam da viagem que tem programada para a China, "no próximo Verão", e da necessidade de os seus alunos se prepararem devidamente se quiserem aprender "o que é verdadeiramente interessante, para o ano quando cá voltar".

Sendo certo que se trata de um sábio, um génio, que seguramente terá enriquecido por ter sabido aproveitar esse mesmo génio com muito trabalho e ter tido a sorte de viver num país onde o mérito encontra meios de se reproduzir em riqueza, o que me impressionou verdadeiramente foi o serviço público que um homem destes presta quando escolhe continuar a ensinar - i.e. a partilhar conhecimento - aos 70 anos de idade.

Que contraste com os palhaços que na nossa praça se arrogam lugar de protagonistas para defenderem uma afronta ao próprio ego!!! E que tristeza viver num país onde criar riqueza é quase impossível senão mesmo combatido, ao mesmo tempo que se concede com a maior naturalidade a grandeza de assunto a um afrontamento individual...

Ah!, Portugal, Portugal, por onde andas e em que mãos! Perdoa-lhes Senhor que não sabem o que fazem.

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