terça-feira, maio 02, 2006

CONGRESSO

Estou longe de achar que José Ribeiro e Castro seja o líder ideal para o CDS nesta fase tão difícil. Não porque lhe faltem qualidades intelectuais, humanas ou políticas, que sobram, mas sobretudo por incapacidade de projecção de uma imagem pública adequada, tão importante, mal ou bem, nos nossos tempos, aliada a alguma falta de habilidade na gestão das relações internas. Pelo menos, é o que me parece visto à distância. Poderá dizer-se que são defeitos menores, no que até concordo, mas são os pequenos pormenores que muitas vezes decidem o sucesso ou insucesso dos políticos.
Todavia, uma coisa é achar que o líder do partido não é perfeito ou não concordar com a sua estratégia, o que é naturalmente legítimo, outra bem diferente é o desafio e a afronta permanente à direcção levada a cabo por alguns sectores com audiência na comunicação social. Este estado de coisas, receio bem, não vai mudar seja qual for o resultado do congresso, talvez o máximo que consiga Ribeiro e Castro seja um ou dois meses de acalmia.
Bom, mas há alternativa a Ribeiro e Castro? É estranho, mas a verdade é que não há. O que há é várias pessoas à espera de melhores dias e que o dizem sem o menor embaraço. Alguns terão uma agenda pessoal e profissional que os inibem de avançar, o que até compreendo, como será o caso de António Pires de Lima, que admiro e de quem gosto. Haverá outros que não se decidem por puro calculismo pessoal e que aguardam a eventual desgraça, por vezes até a fomentam, esperando que o tempo e o desgaste de José Ribeiro e Castro lhes abra o caminho antes das próximas legislativas. Não andam nem querem que se ande. Com isto, devo dizê-lo, não posso concordar. Se alguém acha que é capaz de fazer mais e melhor do que Ribeiro e Castro será bem vindo, mas a hora seria já e não depois. Como não há ninguém disponível e com coragem para pegar no CDS neste momento decisivo, o pior que podia acontecer ao partido seria o abandono a meio do caminho por parte de José Ribeiro e Castro (coisa que personalidades mais frágeis já teriam feito no lugar dele). Se a praça ficar deserta, como irá suceder, não creio que haja outra posição politicamente decente senão a de o deixar trabalhar, sem prejuízo, claro está, da crítica franca e leal. Tudo o mais não é política e, havendo justiça, terá o resultado merecido.

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