quarta-feira, abril 19, 2006

Agostinho Barrias, a Europa e os cafés do Porto

No âmbito das comemorações do 25 de Abril, a Câmara Municipal do Porto vai distinguir alguns cidadãos com a medalha da cidade.

Acho que a cidade faz muito bem em mostrar publicamente o seu reconhecimento aos seus cidadãos, que por uma razão ou outra, se evidenciaram nas suas actividades. É importante que as novas gerações sintam que a cidade fica grata a quem se destaca e ajuda a projectar a imagem do Porto
.
Um dos cidadãos que vai ser distinguido é Agostinho Barrias. É o dono dos cafés Majestic e Guarany, dois espaços com uma arquitectura de nível superior, e grandes referências na cidade.

George Steiner, esse intelectual de excepção e verdadeiro aristocrata do pensamento, chamado a reflectir sobre a cultura comum europeia à escala humana, disse:

A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kikegaard passeava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo. (…) O café é um local de entrevistas e conspirações, de debates intelectuais e mexericos, para o flâneur e o poeta ou metafísico debruçado sobre o bloco de apontamentos.
Aberto a todos, é todavia um clube, uma franco-maçonaria de reconhecimento político ou artístico-literário e presença programática. Uma chávena de café, um copo de vinho, um chá com rum assegura um local para trabalhar, sonhar, jogar xadrez, ou simplesmente permanecer aquecido durante o dia. (…)
Enquanto existirem cafetarias a ideia de Europa fará sentido.


Vale a pena ir a www.cafemajestic.com, e a www.cafeguarany.com.

De forma inconsciente, a Câmara está a distinguir, a promover e a valorizar uma faceta especificamente europeia da nossa cidade, para além de em nosso nome estar a agradecer de forma muito merecida ao Senhor Agostinho Barrias.

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