Apesar de alguns nortadas se terem dedicado em alguns dos últimos posts a dissertar sobre um assunto partidário verdadeiramente menor (sendo de salientar o total desnorte em algumas afirmações defensoras de inclusão daqueles que voluntariamente se excluíram) decidi retomar a escrita para sublinhar a grande relevância do primeiro discurso proferido perante o Parlamento pelo novo Presidente da República.
Cavaco Silva fez um bom discurso. Considero que estava lá tudo. Foi um discurso directo, sem rodeios e a marcar um novo estilo. Terminou a fase dos discurso circulares, de difícil entendimento e com múltiplas interpretações.
Começou a sua comunicação com a enumeração e descrição de cinco desafios essenciais. O crescimento e desenvolvimento económico, a formação e educação, a justiça, a sustentabilidade da segurança social e a necessidade de credibilização da vida política são, de facto, temas a não esquecer. Os críticos dirão com facilidade que o Presidente da República não se deve imiscuir em assuntos executivos. Esquecem que apesar de o Presidente dever presidir e o Governo governar, o primeiro não deve tomar uma posição de abstenção perante os desafios nacionais. Deve, aliás vigiar aquilo que é feito, ou não, para os conseguir vencer. Tem, até, a obrigação de alertar para possíveis caminhos a seguir e ser um elemento verdadeiramente unificador em tornos desses objectivos.
Mas o Presidente da República não se ficou por aqui. Referiu a sua posição de Comandante Supremo das Forças Armadas, a necessidade de aprofundar a nossa vertente atlântica, bem como a necessidade de, nas nossas relações externas, reforçar os laços com os países que falam português.
Termino com uma citação do próprio discurso. De facto os ventos estão a mudar. Ouvir falar em consensos alargados; em consensos que não sejam imobilismo; no combate a corrupção; na necessidade de nomear com base no mérito e nunca no cartão partidário; na necessidade de realismo por parte de trabalhadores e sindicatos; de produtividade; de eficiência no trabalho e de aposta nos empresários; numa melhor relação entre a Europa e os cidadãos; é uma pequena grande novidade que muito vai marcar os nossos próximos anos.
PS – Como deputado foi com muita honra que participei nesta tomada de posse. Por isso mesmo não posso omitir que é verdadeiramente inaceitável que PCP e BE não consigam aplaudir o novo chefe de Estado. É também incompreensível que um antigo Presidente, Mário Soares, saia da Assembleia sem cumprimentar um sucessor. De facto, radicalismo e maus fígados estão, de forma lamentável, muito próximos.
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