quarta-feira, fevereiro 01, 2006

CASAMENTOS

A comunicação social tem dado um abundante e despropositado destaque ao facto de duas mulheres pretenderem contrair matrimónio civil. O assunto não tem, nem elas, relevância por aí além. A algazarra só se compreende por se tratar de um número de circo, protagonizado por pessoas confrangedoramente carentes de palco mediático, que nem sequer à causa que supostamente querem defender trazem vantagem alguma.
Tratando-se, como dizia, de um número de circo, é como tal que deve ser tratado e não com a dignidade de uma tomada de posição político-social.
Infelizmente, no meio desta coisa parece que há crianças envolvidas e isso já é de lamentar. É verdade que para alguns, muitos, o tema tem uma dimensão moral, mas o Estado também deve olhar para esta paródia de outro ângulo. As ditas mulheres querem viver juntas? Façam favor, que ninguém as impeça ou incomode. Só que elas querem mais do que isso, querem aplausos e elogios, o que já não se aceita. Exigem do Estado um cuidado e uma atenção jurídico-social equivalente ao casamento, só que se esquecem que a ordem jurídica não tem de valorar todos os contratos da mesma maneira: o acasalamento em causa não tem a mesma relevância que o "outro", mesmo de uma perspectiva moralmente neutra. O que é diferente não pode merecer tratamento igual.
Socorro-me das palavras do insuspeito Prof. Júlio Machado Vaz, no seu blogue "Morcon" (não sei linkar, mil desculpas):

"Não é discriminação tratar de forma diferente aquilo que é diferente. Os activistas pensam que a homossexualidade é igual ao casamento, tal como os criacionistas acham que o Génesis é ciência. Mas as relações homossexuais, tal como a promiscuidade, incesto, pedofilia e bestialidade, nunca foram consideradas equivalentes à família, até nas sociedades antigas que as tinham como correntes.

Os benefícios que o Estado concede à família, célula-base da sociedade, não são direitos individuais ou simples manifestação do amor mútuo. Eles provêm dos enormes benefícios que a comunidade humana recebe da solidez familiar, no nascimento de bebés, educação dos jovens, trabalho, estabilidade emocional, amparo de idosos. Esses benefícios não podem ser estendidos a qualquer outra relação, só porque alguém a considere igual."

Bom, não sei se ele disse isto a sério ou não e se me autoriza a citação neste contexto, mas o ponto é que tem toda a razão.
Além do mais, o Estado tem o dever de cuidar dos mais frágeis e desprotegidos e não pode aliená-lo em nome de uma alegre doutrina pseudo igualitária politicamente correcta.
A adopção de crianças por casais homosexuais é absolutamente aberrante, quanto mais não seja do ponto de vista formativo, como qualquer pai ou mãe sabem, digo eu. Bem sei que o mundo não é um paraíso e que há famílias tradicionais tão ou mais aberrantes, mas isto não é argumento: não se desculpa um mal com outro mal.
A verdade é que não existe nenhum direito dos adultos que mereça uma tutela tal que prevaleça sobre os direitos de quem não pode decidir ou proteger-se.
Apesar do que digo, não ignoro que os tempos vão noutra direcção, mas não é de certeza nas crianças que estão a pensar.

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