Eleição de Cavaco em risco

Já se entendeu que o CDS não se entende sobre as próximas eleições presidenciais. Primeiro, o seu presidente não falava do 'assunto presidenciais' porque o assunto era as autárquicas, enquanto o resto do partido falava que se fartava do tema - tomando como boa a hipótese depois confirmada que o 'assunto autárquicas' era para esquecer; depois, passadas as autárquicas (se é que as autárquicas já passaram no CDS), o partido, ou parte dele, passou a afirmar que iria impôr condições prévias de apoio a Cavaco - como se Durão Barroso quisesse ter imposto condições a Bush para abrir as Lages a uma cimeira ante-guerra, ou outro dislate qualquer do género; agora, é a JC que afirma não apoiar Cavaco. Fica sem se saber se a JC está a funcionar como o 'alter ego' do CDS; se o CDS está a enviar um recado a Cavaco por via da JC; ou se, pura e simplesmente, a barafunda passou, no CDS, de estado de alma a estratégia política. A coisa faz lembrar os tempos da primeira eleição de Soares - altura em que o PCP afirmava que iria votar no socialista mas tapando a foto. A diferença é que isso sucedeu à segunda volta: na primeira, os comunistas lá tiveram o seu candidato. Era bom que, por uma vez, o CDS mostrasse que ainda tem uma lógica autónoma de existência. E que em definitivo assumisse que vota Cavaco ou, alternativamente, arranjasse um candidato próprio.