É o artigo de Medina Carreira que vem hoje publicado no Jornal Público. O tema é o mesmo, a análise não é diferente, mas, apesar das insistências, parece difícil para muitos aceitar estas evidências. A minha leitura é a seguinte:
1. O caminho do país é um descalabro. Na década de 60 o PIB cresceu 80%, na de 70 cresceu 57%, na de 80 cresceu 43%, na de 90 cresceu 30% e nos ultimos 4 anos cresceu 4%. A curva é evidente, descendente e sem indicações de inflexão.
2. Daqui vem o primeiro desafio que é o de sermos mais competitivos, realmente diferenciadores. Para isto não há "poções mágicas". Teremos de partir de uma atitude de combate (pela positiva) e abandonar definitivamente esta atitude culpar os outros pelo que nos acontece. Paternalismos, direitos adquiridos, justificações, só servirão para continuarmos nesta curva descendente.
3. Apesar de estarmos na cauda da Europa em termos de riqueza produzida, somos os primeiros em crescimento da despesa do Estado (em especial a da protecção social) e também os primeiros em crescimento do nível de fiscalidade.
4. Daqui tiro a segunda conclusão. Não temos dinheiro, não produzimos a riqueza necessária para mantermos a despesa do Estado nos níveis actuais. Quer isto dizer que não interessam discussões sobre se é bem ou não haver saúde paga, reformas aos 60 anos, Scuts sem portagem. Não temos dinheiro para sustentar isto. Quando não há dinheiro o racional é reduzir as despesas abaixo do nível das receitas. É isso que teremos de fazer custe o que custar. Se não fizermos por nós próprios seremos obrigados a fazê-lo de forma muito mais penosa.
5. Ultima conclusão, o mundo aberto em que vivemos colocou em causa o modelo Social-Democrata que nos habituámos a considerar. Subscrevo as palavras de Medina Carreira, ou o mundo muda para sustentar esse modelo ou nos adaptamos a este novo modelo. Eu prefiro e acho mais avisado este ultimo caso.
Palavras finais para a frase de Séneca no inicio do artigo "Quando se navega sem destino nenhum vento é favorável".
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