Acho extraordinária esta febre que, de repente, assolou o país: produzimos candidatos à presidência da república a torto e a direito. É, principalmente, à direita que o tema me preocupa.
Parece que Cavaco é de esquerda e, por isso, não representa os eleitores de centro e da direita, designadamente os eleitores do CDS, pelo que, dizem alguns, impõe-se uma candidatura alternativa, que poderia ser protagonizada por Paulo Portas ou mesmo por Pedro Santana Lopes. Fala-se até de uma candidatura de Manuel Monteiro (embora este já tenha declarado apoiar Cavaco).
Não vejo bem a lógica do argumento. Desconheço em que tratado é que está escrito que cada tendência de eleitorado ou mesmo cada partido político tem de ter um candidato à presidência. A lógica deveria, julgo, ser bem diversa.
Seja como for, creio que o aparecimento de uma candidatura à direita - oriunda do CDS - será um verdadeiro desastre político para o país, para o partido e para os putativos candidatos.
É verdade que há muito boa gente que não aprecia Cavaco e está longe de o considerar o salvador da pátria que alguns proclamam. Estou à vontade para falar porque integro esse grupo. Só que não me parece que essas pessoas vão votar numa candidatura de direita com bem menos possibilidades de vencer. Cavaco, de acordo com as sondagens, pode ganhar à primeira volta e não se entenderia que um outro candidato de direita inviabilizasse a vitória anunciada contra a esquerda. Isto não é uma questão de voto útil, que só tem aplicação quando falamos de escolha entre partidos.
Dificilmente votaria em Paulo Portas, e em circunstância alguma votaria em Pedro Santana Lopes, caso Cavaco esteja em condições de ganhar à esquerda na primeira volta. Nunca o espaço não socialista teve tão boa oportunidade para vencer as presidenciais, o que, a confirmar-se, fará muito bem ao país. De resto, nem entendo bem quais os ganhos políticos que se esperam com novas candidaturas, pois a meu ver não seriam nenhuns. Não existem quaisquer razões políticas para novas candidaturas à direita, a não ser atrapalhar Ribeiro e Castro, o que é pouco. Parece-me o tema demasiado importante para ser assim (mal) usado.
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