Mário Soares, essa raposa velha da política, deu o laço bem dado aos anjinhos que viveram estes últimos tempos na sua órbita. Primeiro surgiu o Alegre Manel, poeta de profissão, e deputado por devoção. Velho camarada do Rommel do P.S., andou em negociações prévias com o Primeiro-Ministro Sócrates. Com certeza, as conversações dever-se-iam ter estendido ao clã Soares. Agora, coitado, desanimado, vai ouvindo a "A trova do vento que passa".
Depois, o filho da figura tutelar do regime (é por essas e por outras que isto vai como vai...)veio expressar o seu apoio à proto-candidatura do reciclado Freitas do Amaral. Desgraçadamente, o tombo que deu depois da famigerada entrevista ao DN foi duplo e seguiu-se-lhe a certeza da candidatura do seu camarada dos últimos tempos..."perdigão perdeu a pena, não há mal que lhe não venha...ganha a pena do tormento, perde a pena do voar". E, ficará Ministro dos Negócios Estrangeiros ad aeternum. E o novel amigo Soares, velho adversário de outras pelejas???
O método e a táctica parecem espontâneos...mas só os ingénuos é que acreditam. Soares distribuiu bem os seus peões, bispos e cavalos, pelo tabuleiro do xadrez político nacional, e, aí está, pronto para o xeque-mate.
A esquerda, órfã de candidatos credíveis, regozija-se e exulta de alegria no seu candidato "dejà vu". Tece loas e hossanas, entoa aleluias ao seu salvador, o candidato Mário. Das autárquicas às presidenciais, já se previam derrotas amargas. Todavia, tudo mudou. Não interessa que se tenha dito “Basta”, o que releva é o interesse nacional, que tudo justifica, tudo legitima. Eis a chave do argumentário soarista.
O regime cheira a bafio e a esquerda tresanda a naftalina, a resposta que encontrou foi mais do mesmo. Soares representa toda uma época, um ciclo há muito cumprido. Não cria esperança, não promove nenhum elan, não é portador de qualquer mais-valia que o país necessite, de qualquer esperança. É uma candidatura de recurso, devido à demissão dos pesos pesados da esquerda. Não tem alma, é conformista. E, sobretudo, é uma massagem ao ego de alguém que nunca desdenhou os prazeres do poder pelo poder. Soares, com uma vitória sobre Cavaco, sabe que não trará nenhum valor acrescentado para a nação. Quer é consagrar-se, e reclamar para si os louros do grande estadista do Portugal democrático. Desforrando-se de Cunhal e das maiorias absolutas cavaquistas que, na sua vez, nunca logrou alcançar. A candidatura de Soares não corporiza, na verdade, uma candidatura nacional, é uma vendetta muito pessoal: sobre a esquerda, sobre a direita, sobre a própria História! Só assim ficará nos compêndios!!!!!
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