Estou verdadeiramente fascinado com o poder da comunicação social. Pelos vistos não serve só para vender sabonetes ou presidentes da república, agora também cria "santos". O processo de canonização do Dr. Cunhal a que temos assistido nos últimos dias é a todos os títulos extraordinário. É caso para dizer que o Dr. Cunhal acabou por se revelar um vencedor quando toda a gente o considerava um derrotado da história (é certo que teve de morrer para atingir este pedestal, mas enfim). E quem é este novo "santo"? Que fez ele para merecer tal honra? Foi, de facto, um homem determinado e coerente, mas isso, só por si, não é nada de mais. Do que não há dúvida é que Cunhal foi um expoente de uma ideologia e de uma concepção de vida absolutamente totalitária e desumana. O saldo negativo dos regimes comunistas é pavoroso. Cunhal foi um dos maiores responsáveis, senão o principal, pelo desastre ocorrido nos países africanos de expressão portuguesa e pelos anos perdidos do PREC. Cunhal quis até impor um regime comunista em Portugal pela força das armas, promovendo uma guerra civil, planeando entregar armas a civis e a estudantes e só recuou porque um país inteiro lhe fez frente. Quem o diz é Zita Seabra. É esta a herança de Cunhal.
O que devemos louvar actualmente é outra herança, a de um homem que não foi "santo", longe disso, mas que nos deixou um importantíssimo legado. A instituição da Fundação Champalimaud, tendo em conta a sua dimensão e características, é um feito notável, que devemos agradecer independentemente de opiniões políticas.
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