quinta-feira, junho 23, 2005

Factos versus interpretações

Esta história das eleições directas do CDS têm dado azo a muita tinta, muita má língua e alguns mal entendidos. Vou tentar descrever alguns factos, e (fazer algumas interpretações). Talvez seja um pouco longo, mas o tema assim o merece. Mas não ultrapassa o tempo de fumar um cigarro.

1. As eleições directas foram uma das bandeiras de José Ribeiro e Castro no congresso do qual saiu presidente do CDS. (poder-se-ia dizer que foi uma entre muitas. É verdade. Quis cumprir já esta.)

2. A discussão e aprovação das eleições directas decorreu num conselho nacional, o 1º após o congresso, que se realizou em Vila Nova de Gaia. (um novo formato aliás e que permitia aliás um debate sério se essa fosse a vontade de todos)

3. A ordem de trabalhos era extensa, e previa 3 momentos de debate: o sábado à tarde, o sábado à noite e o domingo de manhã. A discussão sobre a implementação das directas acaba por ser no período da noite de sábado.( a tarde foi passada com questões de filosofia)

4. O debate é enorme. Argumentos a favor, argumentos contra, interpelações, pedidos de esclarecimentos, e a votação dá-se a altas horas da noite. É o que normalmente acontece quando um partido discute ideias. Não pega o argumento de mau perdedor que foi porque era muito tarde. (estou certo que se a votação fosse de manhã até teria sido diferente pois há muita gente que se mal com o levantar cedo. Mas isso é como no futebol, se a bola tivesse batido do lado de dentro da trave)

5. Ficou aprovado. Foram convocadas as directas e como seria de esperar não havia mais do que um candidato: José Ribeiro e Castro. (Telmo Correia fez bem em não ter ido a votos Era sem dúvida um acto formal e o cumprir de uma promessa.)

6. JR Castro e a direcção nacional procuraram esclarecer e motivar os militantes a participarem nesse acto eleitoral. Esse empenho era, lógico por um lado pois ninguém gosta de vencer com pouca participação, e por outro esse empenho e as várias reuniões que se fizeram pelo país permitiu levar o presidente até aos militantes. (estranho não ter havido no Concelho do Porto. Talvez tenha havido e eu não tenha sido convocado. Talvez)

7. A votação decorreu como teria que decorrer. Votou quem quis votar, e votou da forma que quis. Não votou quem não quis ou não pôde. Democrático. (fraca nuns locais, mais forte noutros. Quem não sabe como funcionam as votações partidárias deve andar noutro planeta. Nesse dia quem facturou foram as operadoras móveis. Mas a factura foi só para o lado dos que queriam votos. Os outros limitaram-se a irem votar em branco ou nem ir. Gostava até de saber porque não abriu a mesa na Póvoa de Varzim, local habitual de grande participação de militantes do cds) Links com noticias
Resultados


8. Após o anúncio dos resultados, os jornais referem a existência de elementos do CDS que denunciam fraudes, chapeladas, técnicas monteiristas. ( É pena que a coberto do anonimato se atire lama para cima de um património que é de todos. Dos que lançam e dos seriam alvo.links com noticia)

9. António Pires de Lima, Álvaro Castelo Branco e Luís Pedro Mota Soares criticam os resultados, referindo que são pouco animadores e que demonstravam a falta de necessidade das referidas eleições. ( São opiniões na linha da que defenderam em congresso e que aliás perderam.
links com noticia )

10. A direcção nacional e a secretaria-geral emitem um comunicado em que criticam aqueles que sob o manto cobarde do anonimato resolvem denegrir a imagem do CDS, do seu presidente e direcção nacional. Reiteram que criticas com rosto e com a elevação com que o fizeram são actos normais da democracia. ( Engraçado ver o que um simples não pode fazer numa noticia de jornal. "O dirigente criticou o ex-vice-presidente do CDS-PP, António Pires de Lima, que havia considerado «pobre» a votação, e adiantado que o líder do partido devia «reflectir sobre as razões de tanta gente ter ficado em casa». Castro Coelho admitiu que «António Pires de Lima é um destinatário claro das nossas críticas porque teve frontalidade de fazer críticas não se escondendo atrás do anonimato, mas existem outros».
O responsável criticou ainda os órgãos de comunicação social que «têm dado guarida a estas formas cobardes de fazer política». Recorde-se que na edição de ontem de A Capital três dirigentes do CDS-PP revelavam suspeitas relativamente à forma como o sufrágio directo havia decorrido. "

Agora coloque o não que falta para a frase fazer sentido Já viu onde? Aqui fica a frase agora corrigida: Castro Coelho admitiu que «António Pires de Lima não é um destinatário claro das nossas críticas porque teve frontalidade de fazer críticas não se escondendo atrás do anonimato, mas existem outros». Talvez tenha sido azar. talvez
links com noticias

11. Luís Osório na Capital faz editorial com base no insulto. (julgo que o ónus da prova estaria do lado do jornal. Mas acredito que as fontes fossem credíveis e portanto o jornalistas lhes desse cobertura. Pode é ter sido enganado. E não saber, ou saber e fazer o jogo. Nunca se saberá. Mas se as fontes são credíveis e da confiança do jornal, elas não serão muitas. Portanto identificáveis. Portanto existem. Portanto a direcção nacional não está a ver fantasmas. E toda a gente até sabe quem é) Links


Não sei se todo este esforço trará luz a este momento de trevas, não sei mesmo se fará ver de que lado está a verdade e a mentira. Se para nada servir, paciência; posso dormir de consciência tranquila. Como de costume.

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