quinta-feira, fevereiro 10, 2005

O "mea culpa" I

Seguindo o repto do Carlos, não poderei deixar de dizer que:
- Nada a opor no que tange à crítica da putativa superioridade da esquerda. A esquerda actual tem tiques de convencimento que a tornam altamente arrogante e reaccionária (que dizer de Francisco Louçã, o protótipo da "nouvelle gauche";
- Perfeita e oportuna a dissociação entre uma peça puramente jornalística e um artigo de opinião. Na diferença cabe a matéria de que se constrói a Liberdade ou o vício totalitário da manipulação da informação. Como opinião todos os comentários são bem vindos...evidentemente... Cavaco incluído;
- Quanto ao corporativismo, remeto para as palavras de João Paulo Menezes. Porque é que os media não comentam a alegada "gaffe" do Público???;
- Já agora, Cavaco pode ter muitos defeitos, mas tem certamente as virtudes que o tornam numa figura central e paradigmática da vida política. Mesmo quando se remete ao absoluto silêncio.
- Tenho para mim que deste episódio releva algo profundamente inquietante: o perigo que espreita nas sociedades fortemente mediatizadas. Em que sob a capa da dissimulação e do equívoco, se poderão formatar e determinar factos. Costuma-se dizer que a propalada opinião pública é a opinião publicada...já agora faça-se a correspondência : os factos políticos são os factos mediatizados. Como disse João Bénard da Costa (in Público 24/01/03):"a verdade já nem sequer é o que parece... é o que aparece". E segue citando David Walsh, Prof. na Univ. de Minnesota : "Whoever tells the stories, defines the culture".
Este é um risco que temos de correr...por sermos livres!!! E nisto os jornalistas têm uma responsabilidade acrescida. Mas que, infelizmente, vemos muito negligenciada. Repito: porque é que se considera o assunto do Público como encerrado??? Creio que poderia ser o início de algo bem mais construtivo.

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