sexta-feira, dezembro 17, 2004

A defesa da imobilidade

Eduardo Prado Coelho é um artista na arte da escrita mas, arriscava-me a dizer, um desastre quanto a pensar o desenvolvimento de um país.
Vem tudo isto a propósito do artigo que hoje escreve no Público com o título Artes Nómadas. Diz EPC que a simples ideia de deslocalizar o Instituto das Artes para a cidade do Porto acarreta encargos financeiros que são impossíveis de suportar, bem como acarreta problemas para os seus trabalhadores que vivem em Lisboa. Mas até compreende a ideia pois os grupos que existem no Porto merecem ter acesso a um Instituto das Artes.

Ora aqui está o grande dos erros e que impede uma efectiva deslocalização e um crescimento homogéneo de Portugal:

1 – a ideia de deslocalizar um serviço para uma qualquer região que não Lisboa, não é para que os habitantes dessa região passem a ter um acesso privilegiado e directo. O que tem que estar subjacente a essa deslocalização é tão somente uma distribuição mais equitativa dos recursos que o Estado possui no que à criação de postos de trabalho diz respeito. Hoje era o IArtes no Porto, amanhã o Tribunal Constitucional em Coimbra.

2 – os custos financeiros são uma realidade que devem ser equacionados. Nunca uma razão para não efectuar alterações que se reflectem no tempo e que são inscritos na coluna dos investimentos e não no das despesas. Mudar o cabeçalho do papel timbrado custa tanto se a morada for alterada de Lisboa para o Porto, como da Praça do Comércio para a Expo.

3 – a mobilidade dos trabalhadores não pode ser um entrave. É certo que existem direitos. Mas o país como um todo deve estar acima dos direitos de alguns. Paulo Cunha e Silva que mereceu os elogios de EPC é um deslocado em Lisboa. Mas o inverso não é possível. Porquê?

Com estes disparates, ditos de forma leviana e em defesa de grupelhos, se travam e combatem as muitas mudanças que Portugal necessita.

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