segunda-feira, junho 07, 2004

Estou baralhado (II)

Esta campanha eleitoral para as eleições europeias tem sido desconcertante. Sobre esta e os seus pretensos casos aconselho a leitura dos artigos do Vitor Cunha no Independente. Dos textos destaco duas frases "Chamar "careca" a um careca revela apenas que o autor da afirmação não é cego, não sendo certo que tal observação denote particular acuidade. É hoje relativamente pacífico na sociedade portuguesa que Sousa Franco não tem cabelo e usa óculos, ao contrário de Deus Pinheiro que tem muito e lava a cabeleira com sabão macaco, com confessou num destes dias, a um transeunte a quem queria pedir o voto." e "Não é aceitável viver-se num país onde alguns abusam do estatuto de "democratas", acusando tudo e todos com um despudor doentio, sem que possa exigir-se explicações".

Quanto à questão da calvície, eu próprio que sofro de uma acentuada falha de cabelo, ouço várias vezes "tá ali aquele deputado careca do CDS". O que é que se pode fazer? Nada. Apenas sorrir e esperar que a inevitável queda vá demorando e se possam manter os preciosos fios que ainda populam as nossas cabeças antes que nos apelidem de "bolas de bilhar".

Bem mais grave é o insulto a um partido como xenófobo, racista, reles e de extrema direita. Qualquer umas destas referências é inaceitável e ultrapassa todo o nível (ou falta dele) de injúria. Posso ter muito respeito intelectual e académico pelo cabeça de lista do PS, mas a sua obrigação é a de provar aquilo que diz. E quanto a isso zero absoluto, quanto ao mais "o grupo de extrema direita" em que está o CDS (a UEN) tem como maior partido o Fianna Fial do primeiro ministro da Irlanda Bertie Ahern. Será que consideram que a "extrema direita" manda na Europa. Ou será que são ignorantes?

Porque razão não explica o PS qual a sua posição sobre putativos acordos à esquerda para o Governo de Portugal. Porque razão não se ouve nenhum dos candidatos socialistas comentar o único Partido Cumunista que na Europa não se adaptou à queda do muro de Berlim e que apoiou sem arrependimento expresso o regime da União Soviética. Porque não fala o PS sobre uma força política, como o BE, que apenas vive de casos - como o da Galp - que apenas têm como interesse lançar suspeitas e degradar a democracia. Porque razão não explicam que quem votou contra as alterações dos artigos 7º e 8º da Constituição e quem é contra a particiapação de Portugal na NATO?

Pura e simplesmente porque não interessa falar disso. Silêncio absoluto. A única coisa que esta esquerda sabe é ouvir delitada a Dra Ana Gomes fazer afirmações descabeladas (opps...) sobre a guerra. Ou António Costa usar em plenário da Assembleia da República um relatório de polícia sobre o caso Moderna, ou falar do alto da sua democrática boa educação no cabaré da coxa.

Esta esquerda está de cabeça perdida perante um entendimento sereno entre PSD e CDS. Eu sinceramente prefiro a estabilidade no Governo. A qualquer um dos elementos da lista do Ps pergunto como é que a querem conseguir? Com quem querem fazer acordos no Parlamento Europeu? Ou será que estas perguntas não se podem fazer?

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