terça-feira, maio 25, 2004
Sinal dos Tempos
Quando era mais novo jogava futebol numa equipa de amigos, treinada pelo pai de um dos jogadores. Era sempre uma emoção aquelas sexta feiras. Vinha da tropa, depois de uma semana dura, e ainda tinha forças para me juntar aos treinos no velho pelado da Sra da Hora. Era o mais velho de todos, mas ainda assim sentia-me em casa. (Secretamente ainda acalentava o sonho de ser futebolista). Mas para além da dedicação e empenho de todos, havia sempre alguns momentos em que a fé na raça humana caía por terra. É que o filho do treinador era "por assim dizer o dono da bola". Pois falta sofrida era penalty, livre directo, e sempre ele o marcador. Quando era por demais evidente, e o santo do pai tinha que virar treinador de jovens, e ficava por marcar o penalty, a jovem vedeta amuava e saía de campo, ou então ameaçava que o pai não nos convocava mais. E assim lá foi ele crescendo, sempre a pensar ser ainda o dono da bola. Mas porque carga de água, pensam os pacientes leitores, me dei ao luxo desde desvendar do meu passado? Simples: li no Record que Saadi Khadafi, filho do pai Muammar, não joga, mas oferece carros aos ses companheiros de equipa, que afinal mais não são do que empregados de clubes onde ele tem investido algumas quantias, elevadas e limpinhas. Um era o dono da bola nos pelados, outro é o dono da bola na milionária liga italiana. Recordações.
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