segunda-feira, março 30, 2015

Responsabilidade política


Desde a ascenção de Costa ao poder no Rato, temos assistido ao absoluto vazio de ideias para o país, à total ausência de um qualquer projecto mobilizador e ao patrocínio constante de uma política de casos. Desses casos, exige invariavelmente Costa que haja a assunção da tão propalada responsabilidade política. Um destes dias, descobrirão um porteiro que chegou atrasado ao seu posto, abrindo as portas da repartição 10 minutos da hora prevista e, pimba, exigem a demissão do Governo!
Longe vão os tempos em que uma oposição responsável e decente, não explorava o facto do chauffeur e amante de uma Secretária de Estado aparecer envolvido num crime ao volante do carro do Estado que lhe estava confiado. Na altura, achou-se, e bem, que esta era uma questão de infortúnio pessoal, não um caso político. Será que hoje o PS diria o mesmo?
Saindo da mesquinhez em que o PS tem mergulhado a discussão política, hoje é dia de falar de política a sério. Apesar de não ser conveniente ao PS.
O quadro acima mostra como em Portugal ainda há uma tradicional confusão entre sondagens e wishful thinking. Uma coisa é o que determinada clique quer, coisa diferente é a realidade. O efeito desta projecção de desejo no condicionamento da realidade ainda está por aferir, mas não faz milagres da dimensão pretendida.
O PS teve hoje aquilo que se chama uma enorme banhada eleitoral. As empresas de sondagens podiam mudar de actividade, se já não estivessemos habituados a esta pouca vergonha. Ninguém assume as consequências do que se passou.
Costa, provavelmente fechado no Rato com os ex-fieis de Sócrates e os arrivistas fracturantes, procurará o novo caso, o tal que imagina permitir-lhe passar incólume por esta vergonhosa derrota. Uma derrota de proporções infinitamente maiores do que a escassa vitória com que guilhotinou Seguro sem clemência nem pudor.
Costa, que a troco de tudo e de nada, tem brandido a espada da responsabilidade política, agirá à contrário: se a pede quando não é exigível, não a assumirá quando lhe cai em cima.
Dito isto, resta-me um abraço de completa justiça ao José Manuel Rodrigues que, contra sondagens e desinformação de toda a espécie, consolidou o CDS como segunda força regional num quadro político de grande complexidade, bem longe dos 11 pontos percentuais a que as sondagens o condenavam.
Em tempos pré-eleitorais no continente, tudo isto nos deve fazer reflectir seriamente.

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