sábado, outubro 18, 2014

Plágios

Plágio é coisa fraca. E lamentável também. Tanto mais quando provem de quem tem a especial obrigação de não o fazer. Mas sempre existiu e, provavelmente, sempre existirá.

João Grancho, secretário de estado do ensino básico e secundário, plagiou. Pela sua específica responsabilidade de então tinha a especial obrigação de não o fazer. Mas fê-lo.

No meu tempo de estudante, o copianço nos exames escritos já existia. Mas depois havia que passar pelas provas orais e aí a coisa piava mais fino. Porém, com a massificação do ensino, foram-se as orais.

Mas com o advento da internet a coisa ficou muito mais facilitada para os plagiadores. Todavia, e como reverso, muito mais dificultada para quem tem de avaliar, em particular teses de mestrado ou de doutoramento. Claro que os avaliadores já encontraram alguns truques para tentar despistar o plágio, como seja a introdução de algumas frases no Google. Como muito do plágio nestas teses é tradução de língua inglesa, têm primeiro de reconverter aquelas frases para inglês. Mas nem sempre o avaliador, ou o Google, identifica um texto plagiado, havendo casos, como sucedeu tempos atrás com a tese de um governante alemão, em que só uma qualquer casualidade futura o vem pôr a nu.

Foi também este o caso de João Grancho em que só agora o Público lhe veio desmascarar uns textos por ele plagiados em 2007. A coisa só não teve, formalmente, maior gravidade por não ter usado tais plágios em publicação sua, mas apenas numa comunicação que apresentou num seminário académico em Múrcia, Espanha, onde então participou na qualidade de presidente da associação nacional de professores.

Segundo o Público de ontem, João Grancho disse recusar a acusação, pois que “pretender associar um mero documento de trabalho … a um plágio, é totalmente inapropriado.

O curioso de tudo isto é que tema do tal seminário académico era “A dimensão moral da profissão de docente” e os textos plagiados referiam-se, um à importância da deontologia no prestígio social da função docente, e outro à necessidade da escola afirmar a sua missão intelectual na sociedade.

Segundo o Público de hoje, João Grancho demitiu-se da sua actual função governativa…

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