domingo, outubro 05, 2014

Caminhada pela Vida


Fomos um mar de gente a desfilar pelas ruas de Lisboa em defesa da vida hoje! Fomos milhares, sem entrar no delírio sindical de contagem de cabeças em cada manife ou greve. A imprensa escolheu outros assuntos bem mais candentes do que a vida humana e tentou apagar esta impressionante revolução pacifica. É o mundo em que vivemos. As não-noticias sobrepõe-se à realidade.
Por gentileza e generosidade da organização, fui convidado a falar a esta multidão. Deixo-vos as palavras que lhes disse.

Quando me desafiaram a dirigir-vos estas palavras, pensei em dizer-vos: Nós temos um sonho!
Dada a estatura, a vida, de quem proferiu esta frase originalmente, não me sinto à altura de o fazer. Mas, olhando para nós, pensando no que fazemos aqui hoje, não hesito em comparar-nos a cada um dos que marchou ao lado de Martin Luther King contra o preconceito, contra a injustiça e a favor dos direitos humanos. Na altura, mulheres, homens e crianças como nós, tinham menos direitos por causa da cor da sua pele. Hoje, o bebé na barriga da mãe, o ser humano em formação, a vida já gerada, tem o seu direito a existir limitado porque não tem voz. É preciso que sejamos nós, todos nós a sua voz!

Fazemo-lo pacificamente, fazemo-lo com enorme convicção, fazemo-lo com a alegria que só o dom da vida inspira!

Fazemo-lo porque não entendemos, não é possível entender, que o mesmo Estado que enfrenta o drama do inverno demográfico, seja o mesmo Estado que usa o dinheiro dos contribuintes numa política de aborto sem critério nem controlo.

Fazemo-lo porque não é possível continuar a equiparar o aborto à maternidade. O aborto é a negação, a interdição da maternidade. Não faz sentido que esta prática que vai contra os mais elementares direitos, e atenta contra o interesse geral da sociedade, seja contemplada com direitos e regalias que só fazem sentido na maternidade.

Fazemo-lo porque não ignoramos a elevadíssima taxa de reincidência de aborto nas mulheres que recorrem a esta prática. O que prova a banalização que prevíamos, o que sublinha a realidade de mulheres abandonadas à sua sorte, a negarem a sua natureza, a acumularem episódios de vida traumáticos, a destruírem a sua saúde, a porem em risco a sua própria vida.

Fazemo-lo porque sempre acreditamos, e hoje a ciência prova-o, há em cada aborto uma vida humana que é negada. Que se perde no livre arbítrio de um adulto, que na maior parte das vezes está condicionado pelas circunstâncias no seu discernimento sobre o acto irreversível que pratica.

Fazemo-lo porque queremos mais medidas de apoio à família, queremos apoio eficaz às mães e pais em dificuldade. Queremos que a grávida sob pressão, em dificuldades, encontre na sociedade e no Estado acolhimento, respostas e enquadramento que a possam ajudar a construir o seu projecto de vida. Passa por aqui, exigir que o chamado consentimento informado o seja de facto. Que a mãe, o pai, os intervenientes do processo tenham conhecimento de todos os riscos e consequências do grave acto a que se propõem, riscos para eles pelo terminar da vida do filho que abrigam e que uma ecografia pode facilmente mostrar.


A nossa marcha é uma marcha de paz. É sinal visível de uma revolução tranquila.

Somos portugueses.

Fomos pioneiros na abolição da escravatura, quando tantos diziam: “Mantenha-se! Os estados fortes todos a mantêm!”

Fomos pioneiros na abolição da pena de morte, quando tantos diziam: “É essencial! Os estados modernos precisam de ordem, a pena de morte garante-o!”


O aborto é um sinal, um mau sinal, de um tempo passado. É um excesso de uma revolução que dizia querer libertar a mulher e paradoxalmente lhe garantiu esta via que só conduz à dor, ao sofrimento, ao abandono. É um sinal de um tempo em que a ignorância da ciência de então, permitiu fazer da moral e da ética tábua rasa em nome de princípios de uma revolução que ao contrário da tranquilidade da nossa, se pautou pelo excesso, pela amargura, pela desconstrução social. É um sinal que hoje, em tantos e tantos casos, é uma forma de chantagem, de pressão, de clara violência sobre as mulheres.

A nossa revolução, a revolução de que vos falo, é a da conquista do futuro! Se a sustentabilidade é palavra de ordem, a família é o pilar de toda a sustentabilidade.
Se a ecologia é palavra de ordem, toda a vida deve ser preservada!
Se a ciência deve ser tida em conta, ela mostra-nos hoje claramente o ser humano que somos desde o início!
Se a paz é um imperativo social e ético, todas as formas de violência sobre o ser humano devem ser evitadas, sobre os filhos que ainda não nasceram e sobre as mães desesperadas!
Se o mundo se empenha em melhorar, só com a consciência profunda do valor da vida, o fará!

Abandonemos os dogmas velhos e redutores do passado!
Nós estamos aqui pelo futuro!
O futuro só valerá a pena enquanto celebração da vida!

Viva a vida!

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