domingo, setembro 28, 2014

Eleições no PS e o seu método

Chegou ao fim a luta no PS pela escolha do candidato a Primeiro Ministro, algo inédito na democracia portuguesa.



O resultado é esmagador, o que para mim é surpreendente. Quer a vitória quer os números.

Mas a minha reflexão é sobre o processo de eleição directa com a inclusão de simpatizantes, que veio claramente "distorcer" a minha leitura e especialmente a análise e estratégia de António José Seguro.

Ao longo destas semanas foram milhares as pessoas que se tornaram simpatizantes e muitas delas sem qualquer tradição de votarem no PS. Mas fizeram-no porque entendiam que um dos candidatos era melhor do que o outro. Disto mesmo tive testemunhos de militantes e simpatizantes comunistas que se tinham tornado "simpatizantes socialistas" para votarem António Costa pois entendiam que ele será mais capaz para derrotar a direita. O que isso significará em próximas eleições legislativas não sabemos pois nessa altura pesará muito o cartão partidário e o "melão" António Costa não sabemos o que vale pois ainda não foi aberto.

Será então este um processo que deve vingar e fazer-se nos restantes partidos?

No que diz respeito à possibilidade dos simpatizantes votarem diria claramente que não.

E vejo como muito estranho que se vote para decidir se o candidato a 1º ministro pode ser outro que não o presidente do partido. Academicamente é possível como se viu hoje no PS mas a derrota do líder leva à queda das direcções do partido. Nada de mais, mas um pouco bizarro.

Mas seria uma boa prática que a escolha de alguns lugares nas listas de deputados pudessem vir a ser decididos pelos militantes, o que permitiria uma identificação mais forte entre os militantes e a lista de deputados, o que infelizmente nem sempre acontece.

Saindo dos partidos, seria também bom pensar que esta capacidade de decisão pudesse ser estendida à votação dos portugueses nas eleições legislativas com uma escolha múltipla permitindo a votação no partido e também nos candidatos individualmente.

Aqui sim haverá uma maior aproximação entre eleitores e eleitos, o que tem sido repetidamente exigido pelos primeiros e nunca negados pelos segundos.

Seria um pequeno passo mas seria importante.

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