A educação
é um suporte vital ao desenvolvimento tecnológico e ao crescimento da economia.
No tempo da outra senhora, o nível de analfabetismo era demasiado elevado, a escolaridade
obrigatória limitava-se a 4 anos de instrução primária, o liceu já só era acessível
a alguns e as universidades a muito poucos. Em alternativa ao liceu havia ainda
escolas técnicas que preparavam profissionais para determinadas operações, mas cuja
base teórica era fraca o que dificultava a posterior evolução das competências
que o progresso da tecnologia exigiam.
O
novo poder saído da revolta militar tudo logo quis mudar. Mas ao invés de
incentivar um forte crescimento gradual no acesso ao ensino e de melhorar o
ensino profissional, adaptando-o às necessidades duma economia moderna e aos
anseios de muitos jovens, acabou simplesmente com este por complexos
classicistas e decretou que só o liceu era igualitário e que este assim passava
a ser obrigatório e à borla para todos. E, uma vez mais, JÁ!
O
que tudo foi fácil riscar num papel. Só quando no dia seguinte os pais
começaram a perguntar como e onde é que repararam que não havia escolas, nem
materiais e, muito menos, professores para tanta gente que de repente ficava
abrangida por tão dilatada obrigatoriedade.
À
boa maneira portuguesa tudo se resolveu em meia bola e força. Arranjaram-se
barracões e contentores, alguns materiais básicos e contrataram-se
desempregados, ou com emprego modesto na economia, que nisto viam a oportunidade
de um emprego seguro no estado, para fazerem de professores.
Em
resultado desta repentina massificação do ensino secundário, que de um dia para
o outro passava do 8 para o 80 e perdia a opção do ensino profissional, o nível
de qualidade do liceu baixou assustadoramente. Como o liceu ficou assim
impossibilitado de cumprir a missão de preparar alunos universitários, as
universidades tiveram de descer vários degraus para poder acolher os que,
vindos dele, lhe batiam à porta, além de ter sido forçada a limitar-lhes o
acesso por falta dimensão capaz. O que tudo provocou igualmente uma enorme
baixa no nível de qualidade do sequente ensino universitário.
Tudo
isto conduziu ainda a uma parola convicção de que o papelinho de curso dava
agora aos novos diplomados um estatuto social incompatível com o emprego que a pobre
economia então dispunha, ao mesmo tempo que esta se queixava da sua falta de
qualificação para apoiar o seu desenvolvimento e crescimento.
Como
quase todos tinham filhos, quase todos alegavam saber da poda. Todos os anos
havia acalorada discussão e todos os anos eram introduzidos remendos, muito
também ao sabor dos políticos em cada ano no poder, o que gerava ainda mais
confusão no sistema e em nada ajudava a pobre economia. Felizmente que a coisa
tem vindo a melhorar em termos de saber, posto que no tocante a saber-fazer
ainda deixe muito a desejar.
Também
aqui o suporte à economia foi apenas o que a política quis ou permitiu ser!
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