No
pós-guerra a perdedora Alemanha ficou impedida de ter forças armadas. Quando mais
tarde as voltou a ter perguntava-se como piada: qual o modo mais barato de
obter um F16? Dizia a resposta que era comprar 100 m2 de terreno na Alemanha
e esperar que ele caísse. É que no entretanto a tecnologia guerreira tinha
evoluído imenso, evolução que naturalmente não havia sido acompanhada pelos pilotos
alemães.
A economia também não muda de um dia para o outro, antes terá de
evoluir sob pena de ficar condenada ao destino dos F16 alemães. Mas para
evoluir necessita de prévias condições políticas básicas. O que era suposto que
um novo regime por cá logo começasse a criar. Todavia:
A
revolta do vinte-e-cinco-barra-quatro teve enorme e imediato apoio popular.
Todos queriam pôr termo à ditadura, à exploração e à guerra.
O dia foi de união
e de festa.
No
dia seguinte todos queriam também a liberdade de decidir o futuro. Mas todos
tinham uma visão diferente para este futuro e até as revoltosas forças armadas
insistiam em ter algumas. Pior, todos achavam que só a sua é que era a boa. Pior
ainda, como não havia experiência nem tradição democráticas, todos queriam
impor a sua.
O 2º dia já foi de desunião e de lutas internas.
O
pessoal decidiu então que não queria saber da necessária evolução e exigiu o
futuro de imediato. JÁ! como então se dizia. A confusão foi total. Fez-se uma
descolonização atabalhoada e as instituições políticas e económicas foram
tomadas de assalto. Mercados, empresas, terras, casas e jornais também. Empregos
e salários foram artificialmente inflacionados. Como resultado a pobre economia
definhou assustadoramente. Culpando esta, os assaltantes do poder confiscaram-lhe
uma enorme e importante fatia para si próprios.
No
meio da confusão ainda foi feita uma nova Constituição, posto que impregnada
dum forte cariz ideológico que garantia ao novo poder a manutenção do confisco
da economia em seu favor. De facto, e entre outros, assim rezava esta
Constituição de 1976:
ARTIGO 83.º
(Nacionalizações efectuadas depois de 25 de Abril de 1974)
1. Todas as nacionalizações efectuadas depois de 25 de Abril de 1974 são conquistas irreversíveis das classes trabalhadoras.
2. As pequenas e médias empresas indirectamente nacionalizadas, fora dos sectores básicos da economia, poderão, a título excepcional, ser integradas no sector privado, desde que os trabalhadores não optem pelo regime de autogestão ou de cooperativa.
(felizmente que a palavra irreversível tem para os nossos políticos um sentido antagónico, como nos ensina P. Portas)
Mais, com este confisco os preços deixaram de ser fixados pelo mercado e passaram a sê-lo politicamente. Mais ainda, esta moda dos preços políticos foi também imposta a uma grande parte das tais pequenas e médias empresas que o poder fez o favor de deixar na economia, ao mesmo tempo que lhes impunha uma factura laboral bem pesada e que neles só parcialmente podia ser repercutida, assim as condenando à morte.
Com tudo isto o novo poder político de então não só desferia um rude e duro golpe sobre uma pobre economia que já quase não o era, como desincentivava o investimento, a criatividade e, por conseguinte, o seu crescimento. A única coisa que neste período registou algum crescimento foi um certo turismo de mochila às costas e boina à Che Guevara.
Uma vez mais a economia foi apenas o que a política quis ou permitiu ser!
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