quinta-feira, abril 03, 2014

Eleições europeias: a calvície política


O que significa um voto ou um não-voto na lista do governo para as eleições europeias?
Significa pura e simplesmente mandar para Bruxelas a Sra. Birrento, n° 8 da lista, ou deixá-la lá em Setúbal, entregue às burocracias da Segurança Social e sempre pronta a levantar o braço a favor do Sr. Portas nas raras reuniões da distrital do PP. Alguém conhece uma ideia que seja da Sra. Birrento sobre a Europa, a dívida, as sanções à Rússia, o Tribunal de Justiça, os golfinhos do Sado, o Metro de Coimbra, o ajustamento da Grécia, a União bancária, a rarefacção do carapau ou, para não sermos tão exagerados, se o Vitória fecha a secção de ping-pong?

O que significa um voto ou um não-voto na lista do Sr. Seguro para as eleições europeias?
Significa pura e simplesmente mandar para Bruxelas o Sr. Manuel dos Santos, que já por lá andou a fazer coisíssima nenhuma e actual desempregado político, ou, se calha, a Sra. Maria Amélia Antunes, n° 10 da lista, ex-autarca do Montijo cujos trabalhos teóricos e científicos sobre a integração europeia e as soluções para a saída do resgate são diariamente comentados nas universidades do Bangladesh e da Antártida.

Dispenso-me de comentar o que significaria um voto nas listas do PC ou do Bloco, pois deduzo que a experiência passada demonstra à saciedade que isso não aquece nem arrefece. Se dúvidas houvesse, verifique-se os extraordinários e históricos contributos que uns e outros têm dado para a animação parlamentar de Estrasburgo e para o aumento de ocupação dos aviões da TAP que ligam semanalmente Lisboa a Bruxelas. É a quanto monta.

Se falo em nomes é porque não há mais nada sobre que falar. Política? Mas qual política? Entre a coligação e os que se dizem socialistas não existe qualquer nuance que seja distintiva em relação à União Europeia. Dupont e Dupond! Ficam apenas as caras diferentes pois até os curriculos são parecidos: ex-ministros, autarcas cansados e os conselheiros do costume.

Se em vez de votação por listas tivéssemos a possibilidade de um voto preferencial ou circulos uninominais, ainda podia acontecer que no quintal onde voto aparecesse alguém de confiança que me conquistasse a ilusão e me convencesse na aposta. Mas estas fornadas de compadres que se escondem atrás das calças de um cabecilha são um engôdo e por isso me recuso a dar para uma freguesia para a qual já dei quanto baste. Já dei e viu-se o resultado.

Não, não me vou abster. Hei-de lá ir, mas para lhes deixar um recado escrito a anular o papel e a engrossar o desprezo que nos merecem. É que já não há shampoo que lhes recupere a careca.
 

2 comentários:

  1. Pois, deveria de haver uma "casinha" no boletim de voto a dizer "nenhum dos acima referidos".
    Para alem disso o numero de eleitos para os parlamentos deveria ser representativo da taxa de votantes. A antever a taxa de abstenção destas eleições para o PE, aquelas sessões nocturnas de Estrasburgo em que, na plenaria, o n° de continuos é superior ao n° de parlamentares, passariam a realizar-se na area destinada o café!

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  2. Carlos Côrte-Real6:21 da tarde

    Brilhante, Douro! Posso não estar totalmente de acordo quanto à medida avançada; mas não constesto uma única letra ou sinal ortográfico da análise...
    Abc.

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