domingo, abril 14, 2013

Ainda não é desta que o chamam, Sr. Pires de Lima


Parafraseando esse grande estadista que foi Américo Tomás, penso que havia três remodelações possíveis: a primeira, a segunda e a terceira.

A primeira seria uma remodelação entre aspas. Na verdade, seria a queda do governo e o despedimento do primeiro-ministro e a reformulação de uma nova estratégia política. Parece que ainda não estamos aí.

A segunda seria o envio do Sr. Vitor Gaspar para casa. Qualquer remodelação que não inclua este ainda ministro não entra na categoria segunda mas apenas na categoria terceira.

A terceira seria uma mexida em vários ministérios, alterando-lhes a orgânica, a deles e a do governo, reorganizando a distribuição de competências e chamando novas caras e gente prestigiada, mas, hélas!, mantendo o Sr. Gaspar.

O que aconteceu não foi a primeira, nem a segunda, nem a terceira. Por outras palavras, não houve remodelação nenhuma. A coisa limitou-se à promoção a ministro de um secretário de Estado e ao chamamento de um aparente “desconhecido”. Digo aparente e uso as aspas porque o Poiares Maduro só é desconhecido para quem anda distraído destas lides. O seu ar de jovem despachado e moderno, entre o surfista e o actor da Cornucópia, esconde uma capacidade de trabalho impressionante e uma vivacidade de cabeça invulgar. Se a isso se somar a prespicácia de adoptar a opinião que se espera no momento certo ( era contra uma Comissão Europeia em que houvesse comissários de todas as nacionalidades) , os apoios discretos e convenientes e a boa gestão de um espírito crítico que não seja muito áspero sem parecer submisso, temos o mix que pode levá-lo muito longe. Não o subestimem!

A tudo isto acresce apenas como relevante a entrada, pela mão do Maduro, de um outro “desconhecido”, esse com ar de homem da rádio ou dj de discoteca de Almada, que dá pelo nome de Pedro Lomba e que agarra a oportunidade de ser adjunto do adjunto como o teste de seriedade que lhe faltava para consagrar a solidez da escrita e da verve, que não lhe faltam.

A mim o que me admira é que estas duas pessoas, que respeito e admiro apesar de discordar de ambas em várias ocasiões ou matérias (ambos partilham a interpretação do PSD quanto à lei da limitação de mandatos autárquicos), aceitem entrar neste governo, nesta altura e nesta não-remodelação. Não sei porquê, faz-me recordar aquela explicação de Georges Orwell, que resistia a encontrar os seus adversários pois achava que a partir do momento em que os conhecia ao vivo passava a sentir-se incapaz de os voltar a criticar com a mesma brutalidade.  Orwell dizia mesmo: “...é um pouco como os activistas do Partido Trabalhista que ficam perdidos para a causa logo que um Duque lhes pousa amigavelmente uma mão no ombro”. E o grave, grave, é que neste caso chamar Duque ao Passos é um “bocadinho” forçado, não é verdade?

Enfim, vamos ver.
 

2 comentários:

  1. Eu também tenho esperança que essas duas entradas sejam uma lufada de ar fresco. É preciso arejar aquele governo.
    um abraço
    JAC

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  2. Bento Norte10:11 da manhã

    Passos tem razão. Se a Portas não se pode dar demasiada confiança, dar importância a Seguro é tempo perdido. Dar ouvidos aos mexericos de Marcelo é brincar com balde e pá na areia, como é lançar fogo no palheiro gastar alguma paciência com o lamentável Sócrates.

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