Parafraseando esse grande estadista que foi
Américo Tomás, penso que havia três remodelações possíveis: a primeira, a
segunda e a terceira.
A primeira seria uma remodelação entre aspas. Na
verdade, seria a queda do governo e o despedimento do primeiro-ministro e a
reformulação de uma nova estratégia política. Parece que ainda não estamos aí.
A segunda seria o envio do Sr. Vitor Gaspar
para casa. Qualquer remodelação que não inclua este ainda ministro não entra na
categoria segunda mas apenas na categoria terceira.
A terceira seria uma mexida em vários
ministérios, alterando-lhes a orgânica, a deles e a do governo, reorganizando a
distribuição de competências e chamando novas caras e gente prestigiada, mas,
hélas!, mantendo o Sr. Gaspar.
O que aconteceu não foi a primeira, nem a
segunda, nem a terceira. Por outras palavras, não houve remodelação nenhuma. A
coisa limitou-se à promoção a ministro de um secretário de Estado e ao
chamamento de um aparente “desconhecido”. Digo aparente e uso as aspas porque o
Poiares Maduro só é desconhecido para quem anda distraído destas lides. O seu
ar de jovem despachado e moderno, entre o surfista e o actor da Cornucópia,
esconde uma capacidade de trabalho impressionante e uma vivacidade de cabeça
invulgar. Se a isso se somar a prespicácia de adoptar a opinião que se espera no
momento certo ( era contra uma Comissão Europeia em que houvesse comissários de
todas as nacionalidades) , os apoios discretos e convenientes e a boa gestão de
um espírito crítico que não seja muito áspero sem parecer submisso, temos o mix
que pode levá-lo muito longe. Não o subestimem!
A tudo isto acresce apenas como relevante a
entrada, pela mão do Maduro, de um outro “desconhecido”, esse com ar de homem
da rádio ou dj de discoteca de Almada, que dá pelo nome de Pedro Lomba e
que agarra a oportunidade de ser adjunto do adjunto como o teste de seriedade
que lhe faltava para consagrar a solidez da escrita e da verve, que não lhe
faltam.
A mim o que me admira é que estas duas pessoas,
que respeito e admiro apesar de discordar de ambas em várias ocasiões ou
matérias (ambos partilham a interpretação do PSD quanto à lei da limitação de
mandatos autárquicos), aceitem entrar neste governo, nesta altura e nesta não-remodelação.
Não sei porquê, faz-me recordar aquela explicação de Georges Orwell, que
resistia a encontrar os seus adversários pois achava que a partir do momento em
que os conhecia ao vivo passava a sentir-se incapaz de os voltar a criticar com
a mesma brutalidade. Orwell dizia mesmo:
“...é um pouco como os activistas do Partido Trabalhista que ficam perdidos
para a causa logo que um Duque lhes pousa amigavelmente uma mão no ombro”. E o
grave, grave, é que neste caso chamar Duque ao Passos é um “bocadinho” forçado,
não é verdade?
Enfim, vamos ver.
Eu também tenho esperança que essas duas entradas sejam uma lufada de ar fresco. É preciso arejar aquele governo.
ResponderEliminarum abraço
JAC
Passos tem razão. Se a Portas não se pode dar demasiada confiança, dar importância a Seguro é tempo perdido. Dar ouvidos aos mexericos de Marcelo é brincar com balde e pá na areia, como é lançar fogo no palheiro gastar alguma paciência com o lamentável Sócrates.
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