sexta-feira, março 29, 2013

Casos de polícia...


O Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) foi criado em 2004 com o objectivo de gerir as listas de espera em Portugal pelo então ministro Luís Filipe Pereira. No espaço de cinco anos reduziu o número de inscritos em 35% e a média de tempo de espera por uma operação em 63%, de oito para três meses.
O Sistema foi recentemente elogiado pela OCDE como exemplo no combate das listas de espera para cirurgia. De facto, a centralização da lista de espera de doentes e a abertura ao sistema privado e social resultou na redução significativa do tempo de espera para cirurgia.
Actualmente, com os cortes orçamentais os ganhos alcançados estão a perder-se progressivamente. Os pagamentos das cirurgias e consultas são tão baixos que, em muitos casos, não houve candidatos para combater as listas de espera, especialmente no sistema público em que a máquina burocrática é maior e a fatia que resta aos médicos, enfermeiros e auxiliares é bem menor do que no sistema privado.
 
Mas a razão da posta de hoje surge após uma notícia vinda no jornal Público esta semana. Parece que há um oftalmologista que, em dedicação exclusiva até 2011, ganhou 1.3 milhões de euros desde que o sistema foi criado dos quais, 1.2 milhões referentes a intervenções realizadas durante o horário normal de trabalho. Creio que será o mesmo médico que no ano anterior tinha sido capa do Jornal de Notícias pelo seu elevado vencimento no âmbito da sua actividade no SNS. Ou seja, ganhou pelo SIGIC (90% realizado no horário normal a acreditar no IGAS) o que um médico ganha em 40 anos (sem 13º ou 14º meses) de salário base.
 
Também no sul, ainda nos tempos da longa festa despesista que nos trouxe onde estamos houve um autarca, pelos vistos social-democrata, que pagava cirurgias de catarata em Cuba com estadia e viagem incluídas, ainda que a um custo mais elevado do que o valor SIGIC.
 
São exemplos de má gestão e desfalque de dinheiros públicos. Casos de polícia...

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