segunda-feira, fevereiro 11, 2013

S. Pietro in vincoli

A decisão de Bento XVI foi, seguramente, uma decisão difícil. Diria mesmo que foi a decisão da vida de Joseph Ratzinger.  Não sabemos que contingências lhe determinaram a sua constatação de que não estava, de que não podia continuar a estar, à altura do magistério petrino. Foram, seguramente, pias, sérias e solenes. E não há dúvida que é uma decisão de quem tem lucidez plena, desprendimento bastante e, sobretudo, humildade mais do que coragem.
Pergunto-me, contudo, se para a cátedra de S. Pedro é preciso ter vigor físico para o exercício pleno do múnus?  
E atrevo-me a dizê-lo porque não acredito no valor do múnus papal enquanto exercício de utilidade, enquanto capacidade para uma função. Como não posso acreditar em tal critério aplicável a um qualquer ser humano. Ser Papa não é só um cargo político, não se compadece com o sentido de utilidade pelo qual um qualquer CEO tem de dar provas. Ser Papa é um estado, é uma missão , sobretudo, é um acto de Fé.
As sandálias do Pescador não se investem por funcionalidade hierárquica da Igreja, nem por símbolo  apostólico de Cristo. Acredito que o mais “humilde servo na vinha do Senhor” assume um magistério transcendente. Porque foi o ungido pelo Espírito Santo. A escolha de um Papa é, por isso, dotada de um sentido místico profundo e que não se pode reconduzir à dimensão e humana constatação de que a função não se cumpre.
Como João Paulo II tão paradigmática e simbolicamente nos ensinou, mesmo na mais profunda limitação física o ser humano pode-se transcender, transfigurar , superar-se e cumprir a missão. De uma forma comovente – porque nos move com ele -  que nos religa uns aos outros , et pour cause, à figura de Cristo. Porque a Fé dá a Esperança na Caridade.
Não é algo que se explique, e que os olhos não alcançam, mas que a alma contempla e que toca todos os corações bem-aventurados. Deixando atrás de si todas as amarras, todas as correntes...porque um Papa é, antes de mais, um pescador de homens...



3 comentários:

  1. Não percebi nada mas "não é algo que se explique", já se sabe. Temos é de ver o lado positivo das coisas, pelo menos agora pode ser perseguido e condenado por encobrir e proteger uma rede de pedofilia internacional.

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  2. É como diz "não é algo que se explique"...

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  3. Não se explica... porque é obvio:
    uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma.

    Quanto aos crimes de pedofilia, não basta pedir desculpa.

    Por que razão decidiu Bento XVI ficar na Cidade do Vaticano (depois de um retiro de Primavera em Castel Gandolfo)?

    Porque não escolheu, por exemplo, a Baviera, a sua terra natal, ou qualquer outro destino fora da jurisdicção do Estado do Vaticano?

    Sepulcros caiados de branco!
    MG

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