Sergueï Magnitski era um jovem advogado russo
de 36 anos que descobriu e denunciou, em 2008, uma fraude fiscal de 130 milhões
de euros envolvendo a polícia e as próprias autoridades fiscais da Rússia. Foi
imediatamente preso preventivamente pelas autoridades que denunciara e
durante oito meses penou numa prisão moscovita onde foi repetidamente humilhado
e sovado, perdendo 20 kilos. Finalmente, foi lançado de mãos e pés atados no
chão de cimento de uma célula fria para aí ser pontapeado até à morte. O
relatório oficial diz que morreu “por negligência”.
Hoje, inicia-se nos tribunais de Moscovo um
processo post-mortem, em que ele é acusado de ... fraude fiscal (!). Na
semana passada, um jornalista mais afoito perguntou ao Putin júnior, um tal
Medvedev que foi a Davos botar discurso, se achava normal processar um morto e
se não seria mais curial investigar como é que Magnitski morrera na prisão, ao
que o dito júnior respondeu que o caso não interessa a ninguém.
Eu não tenho categoria para ser convidado para
Davos e tampouco tenho cartão de imprensa que me dê acesso a essas conferências,
mas lembrei-me que aqui perto temos um funcionário do Sr. Putin sénior que
conhece bem os hábitos russos e os corredores moscovitas e que é, nem mais nem
menos, o Cônsul da Rússia aqui no Porto.
Por isso aqui vai.
Ó Sr. Eng° Couto dos Santos, digno deputado da
nação, insigne militante do PSD e porta-voz do candidato de Gaia à Câmara do
Porto: V. Exa. é capaz de nos explicar porque é que uma pessoa em prisão
preventiva na Rússia é espancada até à morte e depois ainda lhe movem um
processo penal? V. Exa. consegue explicar-nos porque razão não houve um
inquérito ao acontecido a Magnitski na prisão? V. Exa. sente-se confortável em
acumular com as suas respeitáveis funções nacionais e locais o papel de
porta-voz dos interesses de um regime de corruptos e mafiosos como é o
regime russo de Putin?
Muito agradecido.
Sem comentários mesmo, caro Francisco
ResponderEliminarAbraço
AM
Excelente post, de que citei parte lá no meu boteco.
ResponderEliminarLembra-me isto "uma pessoa em prisão preventiva na Rússia é espancada até à morte e depois ainda lhe movem um processo penal" a famosa frase de De Custine no seu La Russie en 1839: aquele tipo de silêncio russo, «silence superflu por assurer le nécessaire».