quarta-feira, janeiro 30, 2013

Les jeux sont faits

Ao contrário do que possa parecer, a noite no Largo do Rato foi de clarificação.
Tivemos de um lado António José Seguro a tentar um bluff, esquecendo a regra básica de que, na sua posição, só vale a pena sacar de uma arma quando tem munições. A sua voz grossa não vem de dentro, não intimida.
Tivemos do outro lado António Costa a dizer claramente: cá estarei, serei presidente, quando decidir, nos termos em que decidir. É uma manifestação de auto-confiança e, acima de tudo, uma humilhação a Seguro: estarás aí enquanto eu entender, sairás quando eu decidir.
Obviamente, Seguro, a atravessar um periodo de fraqueza, fez o que nenhum presidente fraco pode fazer: um ultimato. Há casos a mais deste tipo na história da política para que tenha cometido este erro.
Costa não tem nada a perder, apenas uma câmara a ganhar, a mais importante do país. As legislativas vêm cada vez mais longe, o tempo está do lado de Costa. Terá previsivelmente uma vitória para mostrar ao país, em contraste com o repetitivo desnorte de Seguro no Parlamento.
Este é o estado da arte neste momento, ambos jogaram; o mais fraco as cartas todas, o mais forte assistiu e deixou entender que tem uma boa reserva para continuar em jogo, nos seus termos.
Há sempre a possibilidade de um Seara trabalhador e motivado surpreender um Costa algo cansado e disperso.
Há sempre a possibilidade de Seguro mudar quase tudo o que tem feito, acertar o passo e virar-se para um país que o passe a entender melhor.
Ambas as possibilidades são de dificil concretização, no essencial tudo se clarificou hoje no Largo do Rato.
Les jeux sont faits.

2 comentários:

  1. Ajom Mooguro2:45 da tarde

    Encher pneus d´Costas.
    Não topo o PS e até sou contra, mas Costa desiludiu-me. Para vacuidade já há Seguro de sobra. Mas percebe-se que o brindaram com um cortante cálice de poção mágica 2 em 1. Prolongamento artificial de vida por uns meses até que o veneno letal produza efeito. Dar tempo a um verbo de feira para unir o partido, mais que um acto deliberadamente inútil, é gato escondido a miar com a extensão traseira de fora.

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