domingo, dezembro 23, 2012

Sinais dos tempos na comunicação social

Os holofotes nos últimos dias têm andado focados na possível mudança do programa Praça da Alegria do Porto para Lisboa. Este é um perigoso sinal que admito nem todos se apercebam. Já não falo do que pode significar em termos de despedimentos, pois a promessa da criação de um novo programa mais não parece do que isso mesmo: promessa de politicos. O que está em causa verdadeiramente é a perda de uma janela de comunicação por parte de milhares de actores, atletas, grupos culturais, pequenas empresas, artistas variados, enfim uma série infindável de casos que ao longo dos últimos 17 anos passaram nos estúdios da rtp Porto ou Monte da Virgem. E convém frisar que estes exemplos que apontei são normalmente localizados a norte do mondego, o que deixará de acontecer com a passagem do programa para Lisboa, este ou outro qualquer, pois a força centrifugadora da capital logo tratará de excluir essa "simpática rapaziada" e substituir pelos habituais "cromos" que andam mais próximos da capital.

Admitindo que esta é uma decisão sem retorno, o Porto Canal tem aqui uma forte oportunidade. Dia após dia este projecto vem conseguindo ganhar espaço na luta dura das audiências, não só no Porto e nos adeptos do FCPorto mas um pouco por todo o país. A reputação de Júlio Magalhães tem sido importante, que soube conciliar o que de muito bom o canal já tinha (excelentes profissionais e excelentes programas) com a necessidade de chegar mais longe e devidamente equilibrado com o enfoque nas cores azuis e brancas, sem que isso seja um estigma.

Só que tudo isto acontece numa altura em que o mercado publicitário está em queda, as audiências idem com grandes transferências para os AXN e FOX, e quando se fala na privatização da RTP e com as consequências que terá no panorama televisivo português.

Por outro lado correm rumores que o Público poderá fechar a delegação do Porto, e que o JN será vendido no bolo que Joaquim Oliveira necessita despachar e rapidamente. Não acredito no rumor relacionado com o Público, pois isso seria destruir por inteiro a filosofia que esteve na base do projecto e que permitiu ao jornal ser a única referência de jornal inteiramente nacional. Já quanto à venda do grupo "controliveste" me parece mais provável pois é conhecida as dificuldades financeiras que o grupo atravessa. E se assim for qual o destino que espera ao JN? Sò que para isso precisamos conhecer o comprador e a coisa não anda fácil para os rapazes da Newshold. Mas aguardemos.

Em resumo, os temos vividos na comunicação social não estão fáceis e podem ainda ficar piores para a região norte. E uma vez mais não estamos só a falar de despedimentos. Mas da tal janela de comunicação para toda uma região.

As forças vivas, leia-se empresas, têm que assumir as suas responsabilidades sociais e não estarem apenas focadas em euros. Saibam os nossos empresários assim o entender. E pode ser que uma vez mais uma dificuldade se torne uma oportunidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário