terça-feira, maio 22, 2012

Postal de Pequim (II série) 2 "Weishenme"

Pequim. 8.30h da manhã na Cidade Proibida. Espaços imensos vazios, guardas que se aprontam para  enfrentar o dia de trabalho. 9.30h : milhares de visitantes barulhentos e apressados, aos empurrões para  chegarem à bilheteira ou entrarem nos espaços ainda há pouco silenciosos.

Nesta manhã quente de Maio também eu entro aos empurrões na Cidade Proibida. Meia hora de espera na bilheteira, ao Sol já quente. Objectivo: sair rapidamente do meio desta multidão e ir directamente ao Museu do Palácio da Cidade Proibida, visitar a galeria de pintura clássica chinesa. « A Galeria está fechada », avisa-me uma jovem a quem pergunto o caminho mais rápido que me evite as multidões.

Depois de tanto empurrão e espera, perco a calma. Peço explicações, insisto em falar com o responsável. A jovem interessada por esta estrangeira que “pede para falar com o responsável” responde-me calmamente: “Desculpe, mas você está na China!”. O responsável  não fala inglês e aliás  nunca aceitaria receber-me. Na China ninguém pergunta “Porquê?”. ”Weishenme” é uma palavra esquecida. Sublimada. Já consciente de que esta minha  visita à galeria acaba em fiasco, exijo o reembolso do meu bilhete. « Não há aviso nenhum que nos  informe que a galeria está fechada. Nem na bilheteira nem no site web do museu. O desprezo pelo visitante é total » - afirmo.
Interessada pela situação, a jovem aceita pôr-me em contacto com o serviço do director. Após uma meia hora de explicações e de espera, aceitam devolver-me o bilhete. Talvez o primeiro que devolvem entre os milhões que vendem.
Olho à minha volta para os milhares de visitants chineses, que seguem em fila indiana, aos empurrões,  visitam o que lhes dizem para visitar, e nunca perguntam:”Weishenme”.
O partido com os seus « princelings » sabe que lhe será impossível devolver  os bilhetes de entrada de todas as injustiças ou ilusões que lhes venderam se cada um destes  chineses o começasse a exigir.

O que se passará quando estes chineses  se derem conta de que podem  exigir  ao partido que  lhes devolva o bilhete de entrada no Paraíso na Terra que lhe prometeu. ? E começarem a perguntar “Porquê?“?

Maria

In


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