Nesta manhã quente de Maio também eu
entro aos empurrões na Cidade Proibida. Meia hora de espera na bilheteira, ao
Sol já quente. Objectivo: sair rapidamente do meio desta multidão e ir
directamente ao Museu do Palácio da Cidade Proibida, visitar a galeria de
pintura clássica chinesa. « A Galeria está fechada », avisa-me uma
jovem a quem pergunto o caminho mais rápido que me evite as multidões.
Depois
de tanto empurrão e espera, perco a calma. Peço explicações, insisto em falar
com o responsável. A jovem interessada por esta estrangeira que “pede para
falar com o responsável” responde-me calmamente: “Desculpe, mas você está na
China!”. O responsável não fala inglês e
aliás nunca aceitaria receber-me. Na
China ninguém pergunta “Porquê?”. ”Weishenme” é uma palavra esquecida. Sublimada.
Já consciente de que esta minha visita à
galeria acaba em fiasco, exijo o reembolso do meu bilhete. « Não há aviso
nenhum que nos informe que a galeria está
fechada. Nem na bilheteira nem no site web do museu. O desprezo pelo visitante
é total » - afirmo.
Interessada pela situação, a jovem
aceita pôr-me em contacto com o serviço do director. Após uma meia hora de
explicações e de espera, aceitam devolver-me o bilhete. Talvez o primeiro que
devolvem entre os milhões que vendem.
Olho à minha volta para os milhares de visitants chineses, que seguem em
fila indiana, aos empurrões, visitam o
que lhes dizem para visitar, e nunca perguntam:”Weishenme”.
O partido com os seus
« princelings » sabe que lhe será impossível devolver os bilhetes de entrada de todas as injustiças
ou ilusões que lhes venderam se cada um destes
chineses o começasse a exigir.
O que se passará quando estes
chineses se derem conta de que podem exigir ao
partido que lhes devolva o bilhete de entrada
no Paraíso na Terra que lhe prometeu. ? E começarem a perguntar “Porquê?“?
Maria
In
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