sábado, abril 14, 2012

Edgardo Mortara


Abriu-se em Espanha uma estranhíssima investigação sobre uma prática continuada de rapto de recém-nascidos que remontaria aos anos cinquenta e que se teria prolongado até finais dos anos
oitenta. Essas crianças seriam dadas ou vendidas para adopção.

Mas verdadeiramente inquietante é o facto da maior parte dos casos envolver freiras da Igreja Católica que exerciam funções em maternidades e em orfanatos. Na passada Quinta-feira foi chamada a um Tribunal de Madrid a Irmã Maria Valbuena, acusada por uma mãe de lhe ter roubado a filha aquando do nascimento desta numa clínica em 1982.

Há um precedente grave para este tipo de situações: em 1858, o Papa Pio IX (beatificado (!) em 2000) patrocinou a transferência forçada para o Vaticano de um rapaz de seis anos, um dos oito
filhos de uma família judia de Bolonha, sob o pretexto de que a criança teria alegadamente sido baptizada “em emergência” por uma criada católica que a julgava em iminente perigo de vida. Trata-se de uma história tristíssima, senão mesmo sinistra, de uma enorme violência emocional e de uma canònica estupidez. Nunca mais os pais conseguiram recuperar o filho.

Espero que não haja similitudes. Nenhuma “boa intenção” lava um crime. Há agravantes que se travestem de atenuantes.

2 comentários:

  1. Evágrio Pôntico11:25 da tarde

    Caro autor do blogue,
    há provas irrefutáveis do facto que conta e que envolve o Papa Pio IX?
    É que há muitas estórias acerca da Igreja e da sua hierarquia...

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  2. Caro Evrágio, as provas são irrefutáveis e a versão que lhe contei é a versão soft e eldulcorada, hélas!

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