terça-feira, dezembro 13, 2011

A folha A4

Confesso que a leitura da nossa imprensa me deixa, no geral, irritado. Não é apenas a substância das notícias, já de si deprimentes, mas que são factos da vida. É sobretudo a forma superficial, desleixada, confusa e manipuladora da escrita do seu redactor. Alinham títulos como como se fossem propagandistas e encarneiram no diz-se/diz-se dos balcões dos bares da moda.

Depois há os colunistas. Alguns são uns chatos que abandono no terceiro parágrafo. Outros assumem-se como a cassette do seu partido e já não há pachorra. Enfim, há os que têm algo de interessante e de estimulante para escrever e que o fazem de uma forma desassombrada.

Foi preciso chegar à última página do Público de hoje para não lamentar ter gasto o euro da praxe. E quando lá cheguei já levava os canivetes de fora depois de aturar o Paulo Rangel mais a sua monomania da “desterritorialização” do poder, o talismã que reciclou de alguma leitura apressada da Susan Strange de há 15 anos e com que julga embalar-nos na suas teses federalistas-unionistas.

O Pedro Lomba de hoje (“Uma folha A4 e o Hotel do Mar”) merece um Efe-Erre-À.
Desmonta com mestria o clima amiguista e complacente que vigora no país e escolhe como magnífico exemplo essa personagem que hoje preside ao Parlamento da República. Dou-lhe toda a razão. Quando a senhora era eurodeputada propunha umas resoluções e escrevinhava umas coisas lá no Parlamento Europeu que mais pareciam exercícios em prosa de um Feliciano retardado, mas ainda mais pirosos e floridos, apesar de destituídos de qualquer conteúdo político que valesse. Os tempos estão propícios para os bluffs.

3 comentários:

  1. Francisco8:54 da tarde

    O que me ri ao ler essa crónica do Pedro Lomba. Pensava que só o Miguel Esteves Cardoso me deixava bem disposto na minha leitura matinal. Mas nao, hoje foi o 2 em 1. Nas ultimas paginas, é certo, mas ainda soube melhor depois da pobreza de conteudos do resto do jornal.

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  2. Finalmente.
    Pensava que era só eu que a considerava um bluff.
    E finalmente estou de acordo com o Douro :-)

    Luis G Graça

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  3. Eu também achei que estava bem arrancado!

    O que também me mete pena é já não conseguir ler o Público até ao fim. Já tive de ir buscar a edição de ontem ao lixo...

    JAC

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