quinta-feira, outubro 27, 2011

As cores

A liberdade permite-nos exprimir opiniões, debater pontos de vista e questionar a Autoridade.
Mas há uma liberdade pessoal, interior, sem a qual deixa de ser possível formular a sua própria opinião ou fazê-la evoluir em resultado de uma melhor informação ou de um confronto salutar de ideias.

Cada um faz as omoletes com os ovos de que dispõe e nenhum de nós está imune à manipulação e a enganar-se ou a errar.

Nós temos, infelizmente, uma forte tendência em privilegiarmos a segurança da opinião de um determinado colectivo e caímos muitas vezes na esparrela de um “pronto-a-pensar” que adoptamos em bloco por ser esse o pacote que o grupo político, ideológico, social, cultural ou económico em que julgamos integrar-nos adopta.

Há vários pensamentos únicos: o da pretensa direita, o da auto-proclamada esquerda e os de outras cartilhas que muitos denominam de extremistas. Provavelmente, cada um desses pensamentos tem uma lógica ou coerência própria, mas parece-me desastroso que as pessoas fiquem mentalmente constrangidas nessa adesão e troquem o seu sentido crítico pelo conforto de grupo.

Uma injustiça denunciada pelo PCP não deixa de ser uma injustiça. Uma contradição desmascarada pelo Bloco de Esquerda não deixa de merecer explicações. Uma verdade ou um facto demonstrado pelo PS ou pelo PSD ou pelo CDS mantém-se inatacável independentemente de quem os evidenciou. E pela mesma ordem de razões, não é por alguém se assumir como “independente” que o seu ponto de vista tem mais valor ou mais sabedoria.

O mérito ou demérito das coisas é intrínseco e as análises ou opiniões valem o que valem, por si.


1 comentário:

  1. Comentário bem pertinente.
    O problema está talvez no facto de haver cada vez menos comentadores com um real "conhecimento" .Com referencias próprias.Ser papagaio no seu cocun é tão mais fácil... Se me permite, parafraseava alguém e diria neste caso :
    "The problem is CULTURE, stupid!"

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