domingo, setembro 25, 2011

O "progresso" dos musseques



O regime angolano assenta, como se sabe, numa oligarquia corrupta que distribui umas alcagoitas ao povo enquanto coloca em off-shores milhares de milhões de comissões em contas privadas. Há semanas, o “Economist” denunciou a opacidade dos negócios ligados à venda de petróleo aos chineses e o papel que nessa rede sinistra desempenha o Sr. Vicente, que consta ser o sucessor dinástico do Sr. Santos.

Na cidade de Luanda, onde 90% da população ainda não tem sequer água canalizada, saíram à rua algumas centenas de pessoas que justamente se indignam contra um status quo pôdre e autocrático. As autoridades tudo têm feito para intimidarem esses manifestantes e lançam mão de provocadores para tentarem desacreditar o movimento. Ainda não há tiros, talvez porque a experiência recente na Síria, na Líbia, na Tunísia e no Egipto sugere que o primeiro a disparar não será o último a rir-se. Mas os próximos meses vão ser agitados.

Os actuais dirigentes angolanos podem vestir os melhores fatos e calçar sapatinhos de verniz mas só cegos ou oportunistas é que não querem ver a verdadeira natureza cleptomaniaca, desavergonhada e criminosa da clique no poder. Quando um dia vier a público, por exemplo, o papel das autoridades no tratamento dos refugiados congoleses na fronteira leste (milhares de violações das mulheres, espancamentos, torturas e todo o tipo de humilhações), quero ver o descaramento dos que em Lisboa vão dizer: “ não fazia ideia”.

3 comentários:

  1. Registe-se, entretanto, que o acordo para os vistos entre Portugal e Angola (negociado por Paulo Portas) implica, entre muitas outras coisas, que em troca o Governo português se abstenha de criticar o regime do “líder carismático” Eduardo dos Santos, evite a combata qualquer censura ou condenação contra o dono único de Angola na comunicação social portuguesa e em fóruns internacionais.

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  2. Ó Orlando, desculpa lá o à vontade, mas já estás a exagerar, ou então estás mesmo zangado com o vosso "amigo" Portas. Quanto ao ditador, cairia mais depressa, se os "manos" ( para quem não entende Unita) não se tivessem vendido por meio prato de fundji ou lentilhas. Ou será que tem medo de virem para a rua manifestar-se?

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  3. Ó Orlando, lembras-te da cena do aeroporto em 92? Pois é, as coisas podiam ter sido diferentes, se os maninhos não quisessem o poder a todo o custo.

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