segunda-feira, setembro 26, 2011

Mais tarde


Como se explica que tenhamos aguentado 40 anos de um regime autocrático e esclerótico?
Como se explica que de 1910 a 1926 o país tenha suportado um caos político e social para afinal soçobrar à implantação da Ditadura Nacional?
Como se explica que um regime monárquico langoroso, vicioso e apático se tenha prolongado na segunda metade do séc. XIX para se arrastar pateticamente na primeira década do século seguinte?
Como se explica que as ditas revoluções liberais se tenham traduzido numa bagunça constante em que imperou a corrupção e o oportunismo?
Como se explica que as nossas “elites” se tenham escapado e escondido à primeira ameaça de tiros napoleónicos?
Como se explica que o país tenha aceitado durante tanto tempo a arrogância britânica e os Beresfords de pacotilha que nos trataram como cafres a precisar de chibata?
E é melhor ficar por aqui, pois a recuar igualmente encontraremos poucos oásis.

Há uma palavra que me parece um traço de união: conformismo.
É certo que esses apodrecimentos se superaram e algo de diferente os substituiu. Mas foi sempre preciso beber a última gota do cálice e mesmo assim contrafeitos.

Talvez isso explique este fatalismo de afinal não mexer na actual Constituição. Deixa correr.
Deixa apodrecer até cheirar mal. Alguém ou alguma coisa boa virá do nevoeiro. E entretanto pômos uns videos a mostrar que fazemos coisas boas, uns moldes e uns sapatos, ganhamos uns prémios e inventamos uns petiscos. Ainda temos as tripas e os pastéis de bacalhau, o Barroso e o Ronaldo. Se for preciso, bebemos o leite dos Açores e cuspimos em cima desses catastrofistas que só sabem dizer mal. Internem-se os Medinas e rumemos a Fátima.

1 comentário:

  1. Diz a educação que deve bater-se à porta antes de entrar.
    Truz, truz ...
    Subscrevo o artigo. Incisivo como sempre.
    E tomando como ponto de partida o artigo, referir que é agindo de forma concreta, que as coisas verdadeiramente podem ser alteradas. É na prática de actos concretos, que tal pode acontecer.
    Por tal, APOIEM esta Causa, que não é apenas e tão só - como algumas "boquinhas e cérebros santos" - apelidam de "calhaus" ... são registos materiais e simbólicos do que aconteceu há 900 anos atrás, e que as autoridades públicas (cujos ordenados régios e indevidamente sumptuosos com as suas respectivas e indevidas mordomias, são pagos pelos 'asnos' do costume) responsáveis pela sua salvaguarda, defesa, conservação e manutenção, ZÁS, trataram de destruir e devastar todo um Conjunto Imemorial Protegido. Merece respeito e protecção de todos os cidadãos, sejam portugueses, sejam cidadãos deste planeta, pois Património da Humanidade, e parte Insubstitível da Memória Colectiva.
    LEIAM, ASSINEM, DIVULGEM a «Petição em defesa, salvaguarda e reabilitação do Alambor Primitivo Norte (Séc. XII) do Castelo Templário de Tomar»
    http://www.peticaopublica.com/?pi=THOMAR1
    Como os Amigos já me 'conhecem', sabem que enquanto não forem destruídos aqueles muros de Berlim, piscinas de pólo em profundidade, Necessárias ridículas em jeito de gaiolas, etc, etc ... continuarei.
    Uma Ajudinha era muito bem vinda para Salvar o que é de Todos.
    Grata,
    Margarida Pardal

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