quinta-feira, março 17, 2011

Limpem as mãos à parede



Artilharia, tanques, aviões e helicópteros, parte dos quais foram fornecidos pelos ocidentais ao Kadhafi, preparam-se para dentro em breve bombardearem Benghazi, onde vive cerca de um milhão de pessoas.

Entretanto, a ENI, empresa italiana de energia, já pede publicamente que a União Europeia ponha termo às sanções contra o regime do Kadhafi. Outros do género pedem-no em privado.

Há semanas que as democracias ocidentais palram sobre a eventualidade de impôrem uma ‘no-flight zone’ no céu líbio, mas, felizmente para os papagaios, o tsunami japonês afogou essas conversas.

No Barhain, as tropas do al-Kahlifa varreram a tiro os manifestantes da Praça da Pérola, prenderam os líderes da oposição, cercaram o hospital e aplicam a declaração de um estado de emergência em que vale tudo. Para que não lhe falte coragem, o monarca chamou 2 mil sauditas que permanecem em stand-by. Face a tudo isto, a administração Obama perdeu o pio, pois receia perder a base naval. Quanto à União Europeia, nem vale a pena mencioná-la: fantasmas não merecem referência.

A estes detalhes chamo eu “radioactividade”. O Ocidente, mais as suas ladainhas sobre os direitos do Homem, está em vias de ficar contaminado durante décadas por esta vergonha. Há quem respire de alívio em Luanda, em Damasco e em Teerão.

1 comentário:

  1. Excelente análise.
    Apenas talvez acrescentar que o respirar de alívio em Luanda, Damasco ou Teerão é acompanhado por idênticos em Lisboa e noutras capitais do mundo "civilizado".

    Uma vergonha
    AM

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