quinta-feira, fevereiro 24, 2011
Os associados (2)
O papel da União Europeia nesta conjuntura que abala o norte de África é de uma debilidade confrangedora. O inicial e pindérico discurso de apaziguamento deu lugar entretanto ao “aqui d’el rei” que vêm aí vagas de refugiados e queremos que sejam todos a pagar essas despesas.
De certa forma, é natural que as democracias europeias que se deitaram com o clan Kadhafi sintam um grande desconforto ao tornar-se público que o parceiro faz chi-chi na cama desde o primeiro dia de núpcias, mas que esse facto não os incomadava pois os petrodólares líbios, mais os contratos de armamento e de construção, permitiam comprar lençóis limpos todas as noites.
A vaga promessa de que se irão pensar numas quaisquer sanções e que a prazo talvez se congelem umas contas bancárias é de um cinismo extremo: serve pelo menos para ajudar os autocratas a transferirem atempadamente os depósitos para bancos amigos, sejam venezuelanos, sauditas, bielorussos ou chineses.
Nas próximas semanas virão a público importantes revelações dos métodos e manias do coronel e dos seus filhotes, das comissões e subornos, de como e quem pagava as milícias pessoais do beduíno senior e dos seus filhos Muatassim, Khamis, Hannibal e Seif al-Islam. Todos esses meandros e toda a brutalidade do regime e daquela corte de tendeiros eram sobejamente conhecidas dos Amados e quejandos, e é por isso que se torna absolutamente insuportável ouvir estes agora a papaguearem ‘bom-senso’ e a fingirem uma aflição que não têm, nunca tiveram nem nunca terão.
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Que estranho! O Douro fala no papel da União Europeia e eu não fazia a mínima ideia que essa organização ainda existia.
ResponderEliminarLonge vão os tempos do Lawrence da Arábia.
ResponderEliminarNa altura uniam-se contra o europeu, agora dividem-se entre eles.
Antes só dava retornados, agora também dá refugiados.
Cést la vie...
FRF
a ver vamos no que vai dar toda esta "pangaiada", a ver vamos!
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